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São Paulo, segunda-feira, 07 de abril de 2003

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Tiro não fez garota desistir fácil da vida

FREE-LANCE PARA A FOLHA

"Carlos, não estou sentindo minhas pernas." Cristina de Oliveira, 18, passeava com o amigo quando teve o braço atingido por uma bala perdida. Não fosse a camiseta manchada de sangue e o barulho, nem teria notado o tiro que a deixou paraplégica na hora.
A primeira atitude foi a de pedir perdão a Deus, afinal, nada tinha feito para levar um tiro. "Sempre fui religiosa, católica praticante, fazia trabalhos com jovens da igreja e me preparava para dar aulas de crisma." Cris tinha 15 anos.
A sensação de revolta do início foi superada com o apoio da família e de profissionais. Cris passou a aceitar sua realidade e a lidar com ela. "Por falta de informação, sempre acham que uma pessoa que usa cadeira de rodas não pode namorar, não pode casar ou fazer um monte de coisas", explica.
Cris aprendeu a nadar e tornou-se a primeira mulher a disputar tênis de mesa na AACD. Deixou a timidez de lado já que, mais do que os outros, teria de ser uma pessoa alegre e extrovertida.
De família humilde, sofreu com o descaso nos hospitais públicos e com a sensação de humilhação. Também viu muitas pessoas desistirem e ficarem sem tratamento. Então, quando ouve amigos dizerem que não aguentariam o tranco, manda a resposta debochada: "Depois de tudo que passei -levei um tiro, estou numa cadeira de rodas-, você acha que eu ia querer morrer? Eu quero é viver! Tá maluco?". (CF)


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