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São Paulo, segunda-feira, 07 de abril de 2003
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Sem a visão, jovem descobriu habilidades FREE-LANCE PARA A FOLHA
Aniversário de 17 anos, amigos em casa. Nicomedes Silva, que ainda aprendia a dirigir, resolveu guardar o carro, que teve de fazer pegar no tranco. Perdeu o controle numa curva e bateu de frente num muro. Sem cinto, estourou o pára-brisa com o rosto. Sofreu perfuração nos dois olhos. Nino, como é conhecido, diz que, naquele dia, sentiu a vida acabar: após sete cirurgias, restariam cerca de 10% de visão no olho esquerdo. "Vivemos num mundo extremamente visual, e tudo que eu já tinha aprendido era baseado na visão." Nino teve de reaprender coisas básicas, como andar. "A gente pensa num monte de bobagens, é natural. É como se tornar um morto vivo. Eu, pelo menos, me via assim. Pensava em como iria trabalhar, em como curtiria a vida. Sempre fui independente. Foram quatro anos praticamente sem sair de casa e passando dias sem comer, até decidir que não era aquela a vida que queria para si. Nino foi em busca de trabalho, fez cursos e tornou-se o primeiro office-boy com deficiência visual da Laramara. Hoje, aos 26 anos, trabalha como técnico de áudio no estúdio da instituição, gravando e editando livros falados para deficientes visuais, entre outros trabalhos. Opera uma complicada mesa de som no tato e é capaz de usar o computador com ajuda de uma telelupa. "Uma das coisas mais legais do ser humano é a sua capacidade de adaptação. As pessoas acham que não conseguem, mas conseguem. É só encontrar sua maneira." (CF) Texto Anterior: Tiro não fez garota desistir fácil da vida Próximo Texto: Sem as pernas, triatleta diz que correr é como andar nas nuvens Índice |
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