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EDUCAÇÃO
Competições fazem do Ceará um celeiro de campeões
Matemática, sombra e água fresca
KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
Praias lindas, dunas, coqueiros, sombra e
água fresca. É nesse cenário do Ceará que estão
nascendo grande parte
dos "gênios" da matemática, que "roubam" vagas
de paulistas e cariocas no
vestibular considerado o
mais difícil do país.
Só neste ano, dos 156
crânios que conseguiram
passar no vestibular do
ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), de
São José dos Campos, 31
eram cearenses, quase o
dobro do número de
aprovados da cidade de
São Paulo -apenas 17
paulistanos passaram.
O Rio de Janeiro, antigo
celeiro de "gênios", também ficou para trás, com
apenas 27 felizardos.
A explicação é a competição, segundo o coordenador do curso de
mestrado em matemática da UFC (Universidade
Federal do Ceará), o professor Lucas Barbosa.
Cinco escolas particulares de Fortaleza promovem olimpíadas e dão
bolsas para os melhores
alunos. "Não sei porque
sempre se evitou colocar
a competição no ensino,
como normalmente
acontece no esporte",
disse Barbosa. "Essa
competição é que está fazendo a diferença."
O bom desempenho
dos cearenses foi longe e
começa a aparecer cada
vez mais cedo. É o caso de
Larissa Cavalcante Queiroz de Lima, 16, que está
na 3ª série do ensino médio de uma escola particular de Fortaleza.
No ano passado, ela já
conseguiu ser prata na
olimpíada internacional
de matemática disputada
em Glasgow, no Reino
Unido -além dela, outros quatro cearenses se
deram bem e foram premiados, com medalha de
bronze, contra um carioca e um paulista que também trouxeram medalhas para o Brasil.
Nos últimos dez anos, o
Ceará ficou com 19 premiações em olimpíadas
internacionais, quase a
metade de um total de 40
prêmios conquistados
por brasileiros.
Agora, Larissa conseguiu superar 23 graduados em matemática e foi
terceiro lugar na seleção
para o mestrado da UFC.
"A legislação brasileira
prevê a educação especial, que inclui não só alunos com necessidades especiais, mas também os
chamados gênios. Seria
um desperdício de tempo
se a Larissa tivesse de fazer a graduação primeiro", disse Barbosa.
A rotina é que não será
fácil. "Aulas de olimpíadas e de mestrado pela
manhã, a 3ª série do ensino médio à tarde e o vestibular à noite", relata Larissa. Ela precisa prestar o
vestibular porque o diploma do mestrado só
será liberado pelo Ministério da Educação depois
que ela tiver concluído a
graduação.
No fim de tudo isso, a
garota ainda consegue
tempo para o trabalho
voluntário. Aos domingos, ela se reúne com
amigos e vai a uma creche ensinar matemática a
crianças carentes. "Eu
queria fazer mais, mas
não dá tempo."
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