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POLÊMICA
Grupo em Israel se recusa a servir no Exército do país e enfrenta o poder do Estado
Jovens pacifistas em tempos de guerra
KETY SHAPAZIAN
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Bonito, inteligente, calmo, educado, pacifista. O israelense Jonathan Ben-Artzi, 20, tornou-se um dos rostos mais
conhecidos no seu país e sua história
acendeu debates. Em agosto de 2001,
Ben-Artzi e outros 61 estudantes enviaram uma carta ao primeiro-ministro de
Israel, Ariel Sharon. As palavras, distribuídas em 18 linhas, acertaram em cheio
o orgulho da maior instituição daquele
país: o Exército.
"Obedecendo à nossa consciência, nós
nos recusamo a tomar parte nos atos de
opressão contra o povo palestino." Assim terminava a mensagem e nascia um
movimento, o Shministim ("colegial",
em hebraico). Um ano depois, uma segunda carta foi enviada a Sharon. O
Exército israelense acusou o golpe, prendendo Ben-Artzi por 199 dias.
Desde fevereiro, ele continua detido,
mas pode ir para casa por 48 horas a cada
três semanas enquanto espera o julgamento de uma corte marcial. Se for condenado, sua sentença será de três anos
em regime fechado.
Yoni, como Ben-Artzi é chamado pela
família e pelos amigos, caiu nas graças da
comunidade internacional. Grupos pacifistas e de defesa dos direitos humanos
saíram em sua defesa. Apesar de não ser
o único jovem em Israel preso por se recusar a servir no Exército, sua história
chama a atenção porque ele é sobrinho
do ex-premiê israelense Benjamin Netanyahu, atual ministro de Finanças.
Em Israel, os jovens são convocados
para o serviço militar ao fim do ensino
médio. São três anos para os garotos e 26
meses para as meninas.
Durante uma viagem à França, Yoni visitou com o pai a cidade de Verdun. No
palco da batalha mais sangrenta da Primeira Guerra Mundial, o então menino
de 13 anos concluiu que todas as guerras
eram inúteis. "Naquele momento, eu
soube que nunca vestiria um uniforme
do Exército", contou Yoni, por telefone,
ao Folhateen.
Além de Yoni, Haggai Matar, Matan
Kaminer, Shimri Tzameret, Adam Maor
e Noam Bahat também estão sendo julgados por uma corte marcial. O grupo é
considerado a liderança do movimento
Shministim.
Ofra, mãe de Yoni, admite que ter um
ex-primeiro-ministro ultranacionalista
na família não ajudou muito. Há um
ano, um pouco antes de Yoni ser preso
pela primeira vez, numa reunião familiar, o pacifismo do filho foi o assunto da
conversa. "Talvez ele mude de idéia" foi
o único comentário feito por Netanyahu.
Yoni revela que nunca mais conversou
sobre sua decisão de não servir no Exército com o tio famoso. "Temos pontos de
vista totalmente diferentes", avalia.
"Não espero que ninguém facilite nada
para mim. Estou disposto a fazer trabalho voluntário durante três anos em
qualquer lugar que beneficie a sociedade
e sem nenhuma relação com o Exército."
"Visitar novamente o Brasil!", ele responde, quando indagado sobre o que vai
fazer quando seu julgamento terminar.
"Tinha uns cinco anos quando meus pais
me levaram ao Rio. Quero tomar água de
coco e assistir a um jogo de futebol."
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