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Entenda o pânico na economia mundial
da reportagem local
Cai a Bolsa de Nova York! Cai a Bolsa de Hong Kong! Dow Jones chega a 500. Dez bancos quebram na Indonésia! Em tom apocalíptico, as notícias de economia traçam um cenário pessimista para o mundo. E muita gente não tem idéia de como alguma coisa que acontece numa Bolsa de Valores do outro lado do planeta pode interferir na sua vida. Por isso o Folhateen preparou um guia para esclarecer a você os caminhos tortuosos do dinheiro pelo mundo.
1. O que é esta tal crise?
É uma crise econômica, em que a
movimentação de dinheiro diminuiu em todo o mundo. Resumindo: o planeta ficou mais pobre.
2. O que a Bolsa de Valores tem a
ver com isso?
Tem muito a ver com isso. Neste
cenário de crise, ela é uma vitrine
do que está acontecendo na economia. É o lugar onde pessoas ou empresas compram e vendem ações
-uma espécie de certificado de
propriedade. Quem compra uma
ação de uma empresa está comprando uma pequena parte dela,
ou seja, torna-se sócio dela. As empresas com melhor desempenho
no mercado (com mais lucros) têm
as ações mais caras. Quanto mais
uma empresa se desenvolve, mais
gente quer comprar ações dela.
Por isso o preço das suas ações sobe, já que os operadores (aqueles
engravatados com celular que ficam no empurra-empurra) abrem
uma compra-e-venda frenética.
Todos querem comprar ações pelo
menor preço e vendê-las por um
valor maior. É o lema: "Comprar
na baixa, vender na alta".
3. Por que as empresas têm ações
na Bolsa?
Para fazer novos investimentos.
Com o dinheiro pago pelos compradores das ações, a empresa pode comprar mais matéria-prima,
abrir filiais, expandir a produção.
Se ela crescer, as ações são valorizadas, e os investidores também
ganham.
4. Por que a Bolsa cai?
A queda ocorre quando o valor
das ações negociadas na Bolsa cai.
Isso acontece quando muita gente
quer vender e poucos querem
comprar. É a lei da oferta e da procura. O investidor que compra
ações em baixa é aquele que pode
ficar na moita um tempo, esperando que valorizem de novo. Até lá, o
dinheiro fica parado. Neste momento, poucos estão fazendo isso
porque há incertezas sobre o futuro do país e da economia mundial.
5. O que é o tal índice Dow Jones?
Ele indica quanto variaram os
preços das 30 ações mais negociadas na Bolsa de Nova York naquele
dia. Essa é a forma ágil de saber a
tendência de queda ou alta de toda
a Bolsa de NY, a que mais influencia o mercado mundial. O índice
foi criado em 1896, pela empresa
Dow Jones, que, entre outros empreendimentos, edita o prestigiado "Wall Street Journal". O nome
Dow Jones vem de dois dos três
fundadores da empresa, Charles
H. Dow e Edward K. Jones. O terceiro, Charles Bergstresser, deve
ter percebido que tinha um sobrenome muito complicado.
6 - Como começou a atual crise?
Em julho deste ano, a Tailândia
sofreu um ataque especulativo -o
movimento de muitos investidores para forçar uma desvalorização
da moeda. Explicando melhor:
quando os investidores percebem
uma tendência de queda na moeda
local, como a que houve na Ásia,
passam a comprar o máximo de
dólares possível. Para isso, vendem suas ações, causando a queda
na Bolsa do país. Como as Bolsas
dos países asiáticos são muito interligadas, ou seja, há muitas empresas e investidores com ações
em vários desses países, toda a região sentiu os efeitos. Operadoras
de ações e bancos quebraram, e a
situação teve reflexos também na
Bolsa de Nova York, que, por sua
vez, influencia todas as outras. No
último ano, o mercado vive sob
ameaça de novos picos da crise.
7. O que a Rússia tem a ver com a
crise?
Desde a queda do regime comunista, no início da década, o país
passa por transformações profundas, mas que não se concretizam
por falta de estrutura e cultura capitalista. A arrecadação de impostos é ineficiente, há desabastecimento geral, e o país gastou suas
reservas. Isso provocou um calote
internacional. Boris Ieltsin, presidente russo, anunciou que não tem
dinheiro agora para pagar dívidas
que estão vencendo. Empresas de
vários países, principalmente da
Alemanha, são credoras do governo russo e ficaram sem receber.
Para fazer caixa, ou seja, arrecadar
dinheiro, estão vendendo suas
ações em Bolsas de todo o mundo.
8. O que pode acontecer com o
mundo?
A queda nas Bolsas é, ao mesmo
tempo, causa e efeito. A Bolsa cai
porque empresas estão em dificuldades, mas a queda pode prejudicar outros empresários. Com os
mercados interligados, a crise logo
é compartilhada por vários países.
9. Essa crise é igual à de 1929?
Não. No último mês, a Bolsa de
NY caiu 15%, o que é preocupante,
mas não pode ainda ser comparada à crise de 1929. O crack de 29
quebrou várias empresas, jogando
os Estados Unidos no período chamado historicamente de Depressão, que atravessou a primeira metade da década de 30. O desemprego assolou todo o país.
10. Por que o Brasil é afetado por
esta crise mundial?
De novo, a globalização. Grandes
empresas americanas e européias
têm ações em Bolsas espalhadas
pelo planeta. Se a coisa aperta para
o lado delas, exigindo algum dinheiro imediato, a tendência dessas empresas é vender as ações nas
Bolsas dos mercados "emergentes", como os países da Ásia e o
Brasil. Aí as Bolsas brasileiras
caem, e os investidores daqui é que
passam a ter problemas. Eles começam a vender o que podem, fazendo a Bolsa cair mais, e as empresas que dependiam de seus
acionistas podem quebrar. O resultado: recessão, desemprego e,
provavelmente, inflação.
11. Se seu pai é acionista, ele pode
se dar mal?
Investir na Bolsa é uma aplicação
de risco. Até sem crise, pessoas podem perder dinheiro nela. Se comprarem ações de uma empresa fraca, que venha a abrir falência, por
exemplo, as ações não vão valer
mais nada, quebrando a cara e o
bolso dos investidores. Com a cena
nada animadora no mercado
mundial, o cuidado deve ser redobrado. Mais empresas entram em
situação difícil, aumentando as
chances de deixar os proprietários
de suas ações na pior.
12. Como a crise mundial pode
afetar a sua vida?
A resposta já foi dada na pergunta 10. Um cenário de recessão e desemprego atinge principalmente
os jovens, que terão ainda mais dificuldades para entrar no mercado
de trabalho.
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