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MULHER
Sexo é instrumento de prazer, não de poder
da Reportagem Local
"Do ponto de vista da sexualidade, a mulher tem mais poder do
que o homem." Quem garante é o
psiquiatra, psicoterapeuta e escritor Flávio Gikovate, que logo em
seguida afirma: "Mas, se as garotas
querem ter um crescimento pessoal legal, elas têm de parar de usar
a sua sexualidade como arma ou
como poder e transformá-la em
instrumento de prazer".
E avisa: essa história não tem nada a ver com os papéis impostos
pela sociedade para o homem e a
mulher. Mas com uma diferença
biológica no que se refere à natureza do despertar do desejo masculino e feminino. "Na adolescência,
essa é a principal diferença entre as
garotas e os garotos", diz Gikovate.
E, afinal, qual é essa diferença?
"O homem tem um desejo visual
despertado pela visão. A mulher
não tem esse desejo, pelo menos
não com a mesma intensidade, ela
se excita ao se perceber desejada",
explica o psicoterapeuta.
Na nossa espécie, a fêmea solta
imagens, e o macho corre atrás. É
nesse sentido que as palavras ativo
e passivo são usadas. "Quem corre
atrás é ativo e quem corre atrás não
está por por cima, na verdade o
menino sente-se por baixo porque
está babando na menina e não sabe
se ela vai recebê-lo", comenta.
É essa diferença que faz as meninas "poderosas". Ao mesmo tempo em que a garota começa a ganhar corpo de mulher com a puberdade, ela percebe o efeito que
causa nos garotos, o olhar de desejo, e entende que sexo é poder.
Mas Gikovate avisa que existe
um preconceito, um modelo antigo, por meio do qual é atribuído
um valor ao sexo, que fica parecendo uma mercadoria, o preço sobe
segundo a dificuldade da entrega.
"O valor não está em dar, mas em
não dar", exemplifica.
"Esse é o modelo antigo, as meninas hoje precisam ter consciência
desse poder que elas têm como
mulher para não usá-lo, porque o
uso desse poder só atiça a guerra
entre os sexos, o que não interessa
para ninguém", diz.
Essas meninas muito provocativas, muito sensuais, do tipo galinha (veja quadro ao lado), estão
bloqueando a sua sexualidade para
usá-la apenas como instrumento
de poder. "E, se o sexo entrar para
a categoria de poder, deixará de ser
prazer", sentencia.
Gikovate diz não acreditar em
igualdade, a mulher tem de se encontrar com a sua natureza feminina e tomar a si própria como referência. "Não é bom se fiar tanto
nesse poder sexual, apostar o futuro nisso, sem levar a sério o estudo,
a formação cultural, porque na
adolescência os homens jogam
mesmo o tapete vermelho para
mulher muito atraente, mas isso
não dura para sempre".
(FG)
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