São Paulo, segunda-feira, 08 de novembro de 2004

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MÚSICA

Toques polifônicos de sucessos das FMs infestam celulares com versões de baixa qualidade

15 segundos de tortura

LEANDRO FORTINO
DA REPORTAGEM LOCAL

Atenda o celular! Rápido, por favor!
Como se não bastassem os toques chatos que já vêm de fábrica na maioria dos aparelhos, cresce a febre de baixar músicas em ritmos polifônicos. São geralmente sucessos de FMs que ganham versões malfeitas e que ainda custam, em média, R$ 3, nos sites das próprias operadoras ou em endereços de serviços de downloads para celulares.
O Folhateen encarou a dura tarefa de ouvir os downloads de toques polifônicos mais comprados por donos de aparelhos das principais operadoras de São Paulo. É difícil acreditar que um fã de Linkin Park, por exemplo, goste realmente da versão do sucesso "Breaking the Habbit", que, se já era pobre no original, fica ainda mais sem graça quando toca o celular. O mesmo vale para "Faint", que nem soa como a verdadeira.
Os trechos de música geralmente não duram mais de 15 segundos e muitas vezes nem são produzidos no Brasil. Algumas empresas que prestam serviço para as operadoras mandam arquivos de MP3 a países como Portugal, EUA e Holanda, que devolvem a música que você ouve no rádio em versão vagabunda de teclados baratos.
O hit "In da Club", do 50 Cent, fica irreconhecível no celular; "Miss You", do Blink 182, ganha versão muito aguda que praticamente não sai da cabeça; e "Vou Deixar", do Skank, poderia até ficar boa, mas traz arranjos que a transformam em outra.
É claro que algumas versões se dão bem nos celulares, como "Toxic", de Britney Spears, que é até engraçada, "Iron Man", do Black Sabbath, que parece música de restaurante careta, e "Here Comes Your Man", da banda Pixies, que vem com uma releitura latina.
Outras também valem a pena de serem baixadas, como "Não Uso Sapato", de Charlie Brown Jr., e "Equalize", da Pitty, já que são apenas versões instrumentais e você não obriga amigos e pessoas que estão ao seu redor a agüentar as letras vazias e cheias de lugares-comuns desses artistas.
Ai, que saudades daquela musiquinha do caminhão do gás...


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