São Paulo, segunda-feira, 09 de janeiro de 2006 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
QUADRINHOS A câmera, a foice e o martelo
O espanhol Ángel de la Calle lança primeira biografia em quada fotógrafa e ativista poítica Tina Modotti
Ángel de la Calle passou
um terço de sua vida procurando por Tina Modotti. O cartu nista espanhol de 45
anos vasculhou livros, o Museu de
Arte Moderna, em NoYork, o Arquivo de Saexaminou os murais
do mexicano Diego Rivera e, de
quepesquisou pelo Instituto
Gramsde Roma. Folha - Por que você lançou Modotti como uma heroína de quadrinhos? De La Calle - O progressismo no mundo se cria através de heróis que aparentemente não o são. Literários ou reais, como Tina. A história passou em cima deles mas eles deram seus exemplos. Acho que a novela gráfica encontra seu espaço não só entre adultos mas também entre adolescente, que são perspicazes e gostam de se aventurar. Folha - E onde você a enquadra no mundo das HQs? De la Calle - Minha Tina está perto dos desvalidos de "Maus", de Art Spiegelman, de algumas histórias de Robert Crumb e, sobretudo, dos personagens de Hugo Pratt. Folha - No livro vocês seguem caminhos paralelos. Em algum momento vocês se cruzam? De la Calle - Sim, na arte. Sou um cartunista que andava ganhando a vida com desenho gráfico, e ela havia parado de fotografar. Minha atividade cultural e política se resumia à organização da Semana Negra [evento cultural de manifestações esquerdistas em Gijón, na Espanha]. Ao fazer o livro da Tina eu me redescobri nos quadrinhos. Mas ela nunca deu esse passo de volta para a fotogra Folha - Qual era o papel de Tina De La Calle - Modotti levava dinheiro do Socorro Vermelho para manter órfãos e comprar a saída da prisão de ativistas. Ela trabalhava para o Comintern, que seguia ordens do partido Comunista e entregava o dinheiro a Concha Madera, a tesoureira do Socorro Vermelho em Astúrias. Essa mulher foi para a prisão e perdeu seus filhos que foram adotados. Só agora se fala disso. Isso também é recuperar a memória. Folha - Isso é parte de um balanço do passado que se tem feito na Espanha? De La Calle - Há um movimento de recuperar a identidade dos mortos da Guerra Civil. Os netos dos fuzilados pelos fascistas os estão tirando da tumbas. Porque seus pais tinham medo e não fizeram nada. Por um lado a direita tenta reescrever a história, dizendo que nunca houve um golpe de Estado. Por outro lado a esquerda tenta recuperar a memória de campos de extermínio, dos trabalhos forçados e de crianças roubadas. Texto Anterior: 02 Neuronio: Praieira Próximo Texto: Quem foi Tina Modotti Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |