São Paulo, segunda, 9 de março de 1998

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"Mensagens são inspiradas em histórias reais

free-lance para a Folha

A coleção de adesivos e demais produtos de Ariel Fox reflete as histórias que ela tem ouvido nos últimos dois anos de meninas de várias partes do mundo.
Uma delas, por exemplo, é a de uma garota que trabalhava numa loja e dizia já estar cansada de ser chamada pelos fregueses do sexo masculino por nomes engraçadinhos, insinuando uma intimidade que ela nunca havia dado a eles.
Para tal situação, Ariel criou o colante "Hello, my name isn't cutie or honey, it's..." (oi, meu nome não é gracinha nem fofura, é...)
Outras histórias são mais tristes, como a da menina que dizia estar vivendo num inferno desde que a mãe se casou de novo. Um dia, ela se viu trancada em casa e estuprada pelo padrasto. Um dos adesivos, que diz "Stop domestic violence" (pare com a violência doméstica), se dirige exatamente a tais vítimas de abuso sexual ou de castigos corporais em casa. Um outro colante, ainda menos sutil, traz o desenho de uma mão fechada, como pronta para um soco, e cercada de estrelinhas, com as seguintes palavras: "Defend yourself" (defenda-se).
A série de colantes "This insults women", "This insults girls" e "This insults everyone" (isso insulta as mulheres, as meninas e todo mundo) responde às variações de um mesmo tema: o desrespeito.
Uma mulher encomendou os adesivos para o quadro de avisos da empresa, onde sempre apareciam gracinhas contra mulheres. Um outro cliente comprou o mesmo adesivo para colocar em uma banca com revistas pornográficas.
Um grupo de rock que trabalha com presidiárias comprou os adesivos "Punk rock isn't just for your boyfriend" (punk rock não é só para o seu namorado). A treinadora de futebol feminino de um time chileno encomendou dezenas de cordões de tênis com inscrições Girl Power para as jogadoras.
Um grupo de meninas comprou os colantes que dizem "Visit our power room" (visite nosso centro de poder) para cobrir desenhos de mulheres de peito de fora nos banheiros públicos.
Mas nem tudo é cor-de-rosa para o movimento das Stickers Sisters. Ariel conta que depois que publicaram a sua história no "Washington Post", um dos maiores jornais do pais, apareceu a primeira carta negativa no seu endereço eletrônico. Era de uma mulher que criticava o movimento, dizendo que Ariel está fazendo tudo isso motivada por autopiedade.
A autora da carta é contra qualquer movimento que supostamente separe homens e mulheres e acha que quem faz isso só pode ser por falta de sucesso pessoal nesse setor. Ariel, no entanto, diz que está preparada para as críticas e acha que elas fazem parte do processo. Como não está sozinha, sente-se forte para o que der e vier.



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