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MÚSICA
Advertência em discos dos EUA pode ajudar artistas a vender mais álbuns; no Brasil, não há classificação para músicas
Selo de alerta garante venda
DA REPORTAGEM LOCAL
Dos cem discos mais vendidos da parada norte-americana atual, segundo levantamento da revista Billboard, 24 trazem na capa o selo "Parental
Advisory", espécie de alerta criado em 1985
pela Riaa, a associação da indústria fonográfica dos EUA, que serve para avisar pais
de crianças e adolescentes sobre letras que
poderiam incitar a violência ou que têm
conteúdo sexual explícito, como palavrões.
Juntos, esses álbuns somam cerca de 20
milhões de CDs vendidos somente em solo
americano. O número comprova que o
controle da indústria sobre o assunto de letras não prejudica vendagens. Pelo contrário. Pode até ajudar a emplacar um álbum.
O cantor de rhythm'n'blues nova-iorquino Eamon, 20, tentava conseguir um contrato desde que tinha 16 anos, mas as gravadoras tinham medo de contratá-lo por causa de seu primeiro hit, a música "Fuck It (I
Don't Want You Back)". Na letra, ele fala
mais de 20 vezes a palavra "fuck" (você sabe o que significa, certo?), e as gravadoras
temiam um boicote do mercado. Até que a
faixa foi executada no programa matinal de
uma rádio e não parou mais de ter pedidos.
Hoje, essa música de Eamon, segundo a
gravadora Jive (BMG no Brasil), foi o single
mais vendido nos EUA durante oito semanas consecutivas e ficou no primeiro lugar
das paradas de vários países europeus. Na
capa do CD, que leva o nome da música, o
selo é reforçado com os dizeres: "Linguagem sexual de conteúdo forte". "É uma bobagem", disse Eamon, em entrevista ao Folhateen. "Faz com que os garotos fiquem
muito mais curiosos. Não acredito em propagada negativa. Qualquer propaganda é
boa. Não escrevo músicas para chocar, elas
saem desse jeito. Se as pessoas continuam
falando de mim, está ótimo."
No Brasil, nem o Estado nem a indústria
fonográfica controlam a música que é vendida ou executada em rádios. O Ministério
da Justiça faz a classificação indicativa apenas sobre o conteúdo de diversões e espetáculos, como programas de TV, filmes de cinema e jogos eletrônicos. Desde 2002, os videoclipes passaram a ser vistos pelo ministério, a pedido das próprias gravadoras.
O governo federal diz ver esses meios de
comunicação como os de maior alcance e
interferência na formação da criança e do
adolescente. Segundo a assessoria do ministério, está havendo uma discussão para
saber se é necessário ampliar ou não a classificação. O ministério diz ainda que sua
preocupação é que não se faça censura no
lugar de classificação. Para o órgão, o objetivo do governo deve ser orientar a sociedade em relação a conteúdos que possam
atingir de forma negativa a criança e o adolescente, então fixa horário, no caso de TV,
e faixa etária, no caso de filmes e jogos.
(LEANDRO FORTINO)
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