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Músicas prejudicam linguagem
DA REPORTAGEM LOCAL
Educadoras ouvidas pela reportagem do Folhateen se dividem
quanto à influência que o palavrão nas letras de música pode ter na
educação e no linguajar dos jovens.
Para Silvana Marques de Freitas, 42,
coordenadora do núcleo cultural e professora de música do colégio Marista
Arquidiocesano de São Paulo, "o palavrão na música é prejudicial para a linguagem do jovem, porque é o tipo de
música que eles ouvem constantemente, e, como muitas vezes eles não lêem
muito, essa forma de estar sempre em
contato com a letra da música, que eles
fuçam na internet, acaba entrando no
palavreado normal deles".
Segundo Silvana, o palavrão é uma
maneira muito fácil para o artista se expressar. "Uma pessoa que faz uma música tem de ter cuidado. Existem maneiras de falar o que se pensa sem ter de
apelar. Há outros recursos da linguagem, que é muito rica. Temos exemplos
da ditadura, em que os artistas falaram
absurdos sem ter de dizer palavrões."
Cristina Mazzocchi, 50, coordenadora
pedagógica do colégio São Luís, considera que os palavrões torcem o sentido
do normal, pois se tornam banalizados
pelos jovens. "Além disso, vulgariza o
vocabulário deles, que já é bem pobre,
pois usam os termos das músicas. Isso é
pernicioso. Questiono o porquê de
comprar esses discos e comparo com
uma comida de má qualidade."
Já na opinião de Regina L. Giffoni Luz
de Brito, 52, coordenadora do curso de
pedagogia da PUC-SP, há questões mais
sérias que o palavrão na educação do
adolescente. "O jovem está tão preocupado com a própria sobrevivência, com
a carreira dele, que essa questão passa a
ser secundária. Tudo depende de como
ele vai fazer o uso do palavrão. Se for
usado em um jogo de futebol, quando o
time faz um gol contra, é uma coisa; usar
palavrão em um almoço de família ou
ao pleitear um emprego, é outra."
Idméa Semeghini-Siqueira, 58, professora de metodologia do ensino de língua portuguesa da faculdade de Educação da USP, acha que o uso de palavrão,
se faz parte do linguajar do jovem, fica
esvaziado de sentido. "Fica como um
cacoete. O significado é mais forte para
os adultos, que não estão acostumados.
Os palavrões são produtos dos jovens,
faz parte dessa idade a formação de grupos que não querem que os adultos entendam o que eles estão dizendo, para
que não possam interferir."
(LF)
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