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eles tecem o futuro
Jovens atuam no Ministério da Saúde
FÁTIMA GIGLIOTTI
da Reportagem Local
"Que nossa saúde seja plena:
mental, física e principalmente
social." Esse é um dos muitos bordões que jovens baianos, entre 13
e 22 anos, defendem no documento "Juventude, Saúde e Políticas Públicas, Nossas Idéias", entregue aos representantes do Ministério da Saúde para ser discutido durante o 1º Fórum Juventude
e Saúde, que acontece hoje e amanhã, em Brasília.
Usuários do serviço público de
saúde e estudantes de escolas públicas, alguns desses jovens vão se
reunir a outros, de 30 entidades e
organizações de todo o país, para
discutir temas como acidentes e
uso de drogas, DST (doenças sexualmente transmissíveis) e Aids.
Mas o encontro não pára por aí,
não. Durante o fórum, será formado o Comitê Técnico Assessor,
por meio do qual os jovens passarão a participar oficial e regularmente da Asaj, Área de Saúde do
Adolescente e do Jovem do Ministério da Saúde. É responsabilidade do comitê apontar subsídios e
diretrizes para a formulação de
políticas públicas voltadas para a
saúde do adolescente.
Além disso, o resultado das discussões vai servir de base para um
documento, elaborado pelos jovens, que será entregue à diretoria
do Simpósio Internacional sobre
Gravidez na Adolescência: a visão
do parlamentar e do especialista.
O evento acontece de amanhã
até sexta (13/8), também em Brasília, com realização do Ministério
da Saúde (Área de Saúde do Adolescente e do Jovem e de Coordenação DST/Aids), da Unicef
(Fundo das Nações Unidas para a
Infância), da OMS (Organização
Mundial de Saúde), da Opas (Organização Pan-Americana de
Sáude) e da Bancada Feminina do
Congresso Nacional.
De acordo com o Ministério da
Saúde, quase um terço da população brasileira é constituída por jovens entre 10 e 24 anos. Segundo
as estimativas mais recentes do
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), eles são aproximadamente 50 milhões.
Uma das causas da realização
do Simpósio Internacional é o alto número de casos registrados de
gravidez na adolescência. Oficialmente, são 700 mil por ano, mas
estima-se que, na verdade, os casos podem chegar à preocupante
cifra de 1 milhão.
Da Bahia para o Brasil
No documento elaborado pelos
jovens baianos, estão as suas propostas para mudar o atual quadro
do serviço público de saúde, especialmente em relação ao atendimento ao adolescente.
"A saúde pública está cada vez
mais precária, o certo é tirar um
raio X, analisar, e, depois, dar para
quem sabe engessar", diz Aline
Soares dos Santos, 15, uma das
autoras do documento.
Mas, além desse documento, esses jovens têm em comum o fato
de pertencer a instituições que
participam do Miac (Movimento
de Intercâmbio Artístico-Cultural
pela Cidadania). Formado em
1997, O Miac reúne cerca de 60
instituições de Salvador, entre escolas, organizações governamentais e não-governamentais.
Seu objetivo é, por meio da arte,
garantir o acesso de crianças e
adolescentes aos direitos sociais
básicos, em especial a educação, e
incentivar a participação deles em
suas comunidades. Por meio do
Miac, dirigentes, educadores e jovens fazem o intercâmbio de seus
métodos e produtos artísticos.
Mas não é apenas esse tipo de
intercâmbio que a instituição
promove. Entre os dias 30/7 e 1º/8,
aconteceu em Salvador o 2º Festival Miac - O Adolescente e a Arte
Pelos Direitos Humanos, que reuniu jovens de todo o país, pais e
educadores de Salvador e grupos
convidados de Alagoas, Ceará e
Pernambuco, para participar de
discussões, oficinas e assistir a peças de teatro e performances.
Segundo um dos responsáveis
pela organização do 2º Miac, Davi
Cavalcanti, o principal objetivo
do festival era proporcionar a troca de experiências dos educadores e jovens em torno do exercício
da cidadania. "Educação, sexualidade, etnia e direitos humanos foram os principais temas abordados", afirmou.
E, como o Miac é voltado para a
integração da arte e da educação
na vida dos jovens, essa troca se
deu por meio de discussões
-uma delas foi sobre a importância dos meios de comunicação
para os movimentos sociais-,
mas também com muitas peças
de teatro, performances, leituras
de poesia e aulas-espetáculo.
Durante os três dias do evento,
Salvador transformou-se na capital cultural do Nordeste. O Miac
foi palco de apresentações de cantos e rituais indígenas, por exemplo, conduzidos por jovens índios
de Alagoas, Bahia e Pernambuco,
da Organização Multicultural Indígena Águia Dourada.
Para encerrar o festival, houve a
oficina "Os Outros 500 Anos",
coordenada por professores e
poetas convidados, e a apresentação das peças "Auto da Camisinha", da Companhia Abacaxi, do
Ceará, e "Com Arte Sem Aids", do
Cria (Centro de Referência Integral do Adolescente), da Bahia.
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