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FUTEBOL
Copa São Paulo de Futebol Júnior mobiliza expectativas dos novos jogadores por uma vaga nas grandes equipes
Com a bola na cabeça
LUCIANA PAREJA
DA REPORTAGEM LOCAL
Quem vê os jogadores de futebol em
grandes times nacionais e internacionais, com megassalários e fama,
não tem idéia do trabalho que dá para chegar lá. No começo do ano, garotos com idades entre 17 e 20 anos, vindos de todas as
partes do Brasil, se concentram no Estado
de São Paulo para mostrar sua bola no pé e,
quem sabe, conseguir uma vaga em um
bom time profissional. É a Copa São Paulo
de Futebol Júnior, uma grande vitrine de
novos talentos que em sua 36ª edição traz
88 equipes divididas em 22 grupos. Eles jogam em 18 cidades até o dia 25 de janeiro,
aniversário da capital, quando acontece a
finalíssima.
Os meninos começam cedo, com cerca
de 10 anos ou até menos. "Comecei a treinar numa escolinha aos 7", conta Elton Divino Célio, 17, que faz parte das equipes de
base do Paraná Clube desde 99 e já marcou
um gol na Copa, contra o Juventus (SP),
derrotado por 4 a 3. "Minha mãe me colocou no futebol para eu ocupar a cabeça e
não cair nas drogas, na violência. O tempo
livre que eu tinha [fora do colégio] era para
praticar esporte, ter uma opção profissional", diz.
Um de seus companheiros de equipe, Jefferson Andrade Siqueira, 17 anos completados no último dia 6, deixou a família em
São Paulo e foi treinar em Curitiba em
agosto do ano passado. "Eu jogava no time
de um amigo, aí fizemos um amistoso com
um time de empresários. Estavam lá o diretor e o técnico do Paraná Clube, que me
chamaram."
Mas nem só de amadores vive a Copa São
Paulo. Betinho Reis, 20, e Diego Anderson
Caldas, 18, ambos emprestados ao Ypiranga pelo Trem -equipes profissionais do
Amapá- já disputaram campeonatos da
série C e vêem o torneio paulista como uma
oportunidade de tentar uma vaga na primeira divisão.
"Trabalhamos o ano todo com o intuito
de chegar aqui e de conseguir contrato com
um time grande", diz Betinho. Manter a cabeça no lugar é importante, pois, apesar de
todo o esforço e treinamento, nem sempre
os rapazes passam pela peneira rumo a
uma grande equipe. "Viemos de longe, e o
nosso sonho é ficar por aqui, mas é difícil,
há jogadores excepcionais", diz Diego. Ele
terminou o segundo grau e, caso não siga
carreira no futebol, vai continuar sua formação: "Minha mãe sempre me incentivou
a estudar, mesmo treinando, porque futebol um dia acaba, mas o estudo, não, e eu
tenho que pensar no meu futuro". Seus colegas compartilham sua opinião e já terminaram ou estão cursando o 2º grau.
Outro fator que aumenta a concorrência
por vagas nas grandes equipes é o trabalho
de base que elas próprias fazem. O São Paulo Futebol Clube mantém um centro de
treinamento em Barueri (em fevereiro, será
transferido para Cotia) no qual os meninos
ficam em tempo integral. "Selecionados em
escolinhas licenciadas, eles começam nas
categorias dente-de-leite aos 11, 12 anos",
explica José Geraldo de Oliveira, gerente de
base do clube. "Quanto mais cedo, melhor". O São Paulo é bicampeão da Copa
São Paulo, e um de seus jogadores desta
edição, Rincón, de 17 anos, já foi vendido ao
Manchester, da Inglaterra. Para ele, as portas já se abriram.
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