São Paulo, segunda-feira, 10 de janeiro de 2005

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FUTEBOL

Copa São Paulo de Futebol Júnior mobiliza expectativas dos novos jogadores por uma vaga nas grandes equipes

Com a bola na cabeça

LUCIANA PAREJA
DA REPORTAGEM LOCAL

Quem vê os jogadores de futebol em grandes times nacionais e internacionais, com megassalários e fama, não tem idéia do trabalho que dá para chegar lá. No começo do ano, garotos com idades entre 17 e 20 anos, vindos de todas as partes do Brasil, se concentram no Estado de São Paulo para mostrar sua bola no pé e, quem sabe, conseguir uma vaga em um bom time profissional. É a Copa São Paulo de Futebol Júnior, uma grande vitrine de novos talentos que em sua 36ª edição traz 88 equipes divididas em 22 grupos. Eles jogam em 18 cidades até o dia 25 de janeiro, aniversário da capital, quando acontece a finalíssima.
Os meninos começam cedo, com cerca de 10 anos ou até menos. "Comecei a treinar numa escolinha aos 7", conta Elton Divino Célio, 17, que faz parte das equipes de base do Paraná Clube desde 99 e já marcou um gol na Copa, contra o Juventus (SP), derrotado por 4 a 3. "Minha mãe me colocou no futebol para eu ocupar a cabeça e não cair nas drogas, na violência. O tempo livre que eu tinha [fora do colégio] era para praticar esporte, ter uma opção profissional", diz.
Um de seus companheiros de equipe, Jefferson Andrade Siqueira, 17 anos completados no último dia 6, deixou a família em São Paulo e foi treinar em Curitiba em agosto do ano passado. "Eu jogava no time de um amigo, aí fizemos um amistoso com um time de empresários. Estavam lá o diretor e o técnico do Paraná Clube, que me chamaram."
Mas nem só de amadores vive a Copa São Paulo. Betinho Reis, 20, e Diego Anderson Caldas, 18, ambos emprestados ao Ypiranga pelo Trem -equipes profissionais do Amapá- já disputaram campeonatos da série C e vêem o torneio paulista como uma oportunidade de tentar uma vaga na primeira divisão.
"Trabalhamos o ano todo com o intuito de chegar aqui e de conseguir contrato com um time grande", diz Betinho. Manter a cabeça no lugar é importante, pois, apesar de todo o esforço e treinamento, nem sempre os rapazes passam pela peneira rumo a uma grande equipe. "Viemos de longe, e o nosso sonho é ficar por aqui, mas é difícil, há jogadores excepcionais", diz Diego. Ele terminou o segundo grau e, caso não siga carreira no futebol, vai continuar sua formação: "Minha mãe sempre me incentivou a estudar, mesmo treinando, porque futebol um dia acaba, mas o estudo, não, e eu tenho que pensar no meu futuro". Seus colegas compartilham sua opinião e já terminaram ou estão cursando o 2º grau.
Outro fator que aumenta a concorrência por vagas nas grandes equipes é o trabalho de base que elas próprias fazem. O São Paulo Futebol Clube mantém um centro de treinamento em Barueri (em fevereiro, será transferido para Cotia) no qual os meninos ficam em tempo integral. "Selecionados em escolinhas licenciadas, eles começam nas categorias dente-de-leite aos 11, 12 anos", explica José Geraldo de Oliveira, gerente de base do clube. "Quanto mais cedo, melhor". O São Paulo é bicampeão da Copa São Paulo, e um de seus jogadores desta edição, Rincón, de 17 anos, já foi vendido ao Manchester, da Inglaterra. Para ele, as portas já se abriram.


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