|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
educação
Tudo a seu tempo
A volta às aulas para muitos jovens
marca o início uma nova fase escolar; veja os novos desafios de quem acabou de entrar no sexto ano do ensino médio, no primeiro colegial e na universidade
LETICIA DE CASTRO
DA REPORTAGEM LOCAL
Ganhar mais professores, ter mais matérias, conviver
com alunos mais
velhos, pensar no
vestibular, escolher uma profissão, procurar um trabalho.
Três momentos da vida escolar são marcados por essas experiências: o sexto ano do ensino fundamental -quando aumenta o número de professores e matérias-, o primeiro ano
do médio -quando começa a
preocupação com vestibular-
e o começo da faculdade.
Inevitáveis, cada uma dessas
etapas traz também dúvidas,
expectativas, medos e uma dose considerável de ansiedade.
Aos dez anos, Miguel Arcas
confessa que ficou muito ansioso quando mudou de escola para começar o sexto ano do ensino fundamental num colégio
mais "puxado". Além de mais
matérias e professores, ele teve
que encarar os colegas novos.
"Fiquei com medo de não fazer amigos na escola nova, porque eu achei que ia encontrar
um pessoal mais mimado e elegante. Mas as pessoas são legais, brincalhonas como eu."
Apesar de não ter mudado de
escola, Nathalia, 10, se assustou
com o número de professores
do sexto ano. Ela tinha apenas
uma professora para todas as
matérias no ano passado e, neste ano, passou a ter um para cada disciplina.
"Achei um pouco confuso no
começo, porque você tem que
se acostumar com o estilo de
cada professor", conta.
Além disso, o recreio agora é
com o pessoal mais velho, do
sexto ao nono anos. "Antes a
gente era os maiores da escola,
agora somos os menores.
Quando você é mais velho, está
sempre no comando, quando é
o mais novo precisa aprender a
escutar", diz a garota, que hoje
tem dificuldade de encontrar
seus amigos "pequenos" no recreio tomado por grandalhões.
Responsabilidades
Com o fim do ensino fundamental, aumentam também as
cobranças e as responsabilidades. É o começo da preocupação com o vestibular e com a
decisão sobre a faculdade.
"Espero que seja um momento de preparação para o
vestibular e para a vida, que a
escola me dê base para tomar
as decisões certas no futuro",
diz Carolina Arcas, que acabou
de entrar no primeiro ano do
ensino médio.
Ela ainda não sabe o curso
que vai fazer, mas já está pensando no assunto, pois precisa
optar pela área no ano que vem.
Para Flavia Landroni, também do primeiro ano, a maior
vantagem da nova fase é a liberdade. Agora, ela pode voltar sozinha da escola, de metrô. Não
precisa mais depender de carona dos pais ou de amigos. "A
gente se sente mais adulto
quando entra no colegial, quer
ficar mais independente dos
pais. É bom, mas requer responsabilidade", explica.
Ela estava apreensiva com o
grau de exigência dos professores no ensino médio. "Eles realmente cobram mais, mas também brincam e tratam os alunos de igual para igual", diz.
Outra diferença é a hora do
intervalo. Agora, ela só convive
com adolescentes, do primeiro
ao terceiro ano. Não vê mais
crianças correndo e brincando
no pátio e nos corredores da escola e pode sair quando quiser.
A fase do medo
Se, até o ano passado, o colegial inspirava medo, o que começa a assustar nessa fase é o
tão temido vestibular.
Daniel Alencar, 18, sofreu até
o início da semana passada. Ele
concluiu o ensino médio no
ano passado, fez apenas um
mês de cursinho e prestou vestibular para o curso de relações
internacionais. Passou apenas
na 14ª lista de aprovados, divulgada no dia 1º de março.
"Passei as férias tenso, sem
saber se já estava na faculdade
ou se teria que voltar para o
cursinho", diz o estudante.
Agora, ele conta que sua
maior preocupação é não se
frustrar com o curso. "Eu tenho
muitas expectativas e sei que é
fácil eu me frustrar, porque as
coisas nunca são como a gente
imagina", conta.
Texto Anterior: Bastardz: Plataformas e calças de vinil Próximo Texto: Moda: Os infiltrados Índice
|