São Paulo, segunda-feira, 10 de março de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

educação

Tudo a seu tempo

A volta às aulas para muitos jovens marca o início uma nova fase escolar; veja os novos desafios de quem acabou de entrar no sexto ano do ensino médio, no primeiro colegial e na universidade

LETICIA DE CASTRO
DA REPORTAGEM LOCAL

Ganhar mais professores, ter mais matérias, conviver com alunos mais velhos, pensar no vestibular, escolher uma profissão, procurar um trabalho.
Três momentos da vida escolar são marcados por essas experiências: o sexto ano do ensino fundamental -quando aumenta o número de professores e matérias-, o primeiro ano do médio -quando começa a preocupação com vestibular- e o começo da faculdade.
Inevitáveis, cada uma dessas etapas traz também dúvidas, expectativas, medos e uma dose considerável de ansiedade.
Aos dez anos, Miguel Arcas confessa que ficou muito ansioso quando mudou de escola para começar o sexto ano do ensino fundamental num colégio mais "puxado". Além de mais matérias e professores, ele teve que encarar os colegas novos.
"Fiquei com medo de não fazer amigos na escola nova, porque eu achei que ia encontrar um pessoal mais mimado e elegante. Mas as pessoas são legais, brincalhonas como eu."
Apesar de não ter mudado de escola, Nathalia, 10, se assustou com o número de professores do sexto ano. Ela tinha apenas uma professora para todas as matérias no ano passado e, neste ano, passou a ter um para cada disciplina.
"Achei um pouco confuso no começo, porque você tem que se acostumar com o estilo de cada professor", conta.
Além disso, o recreio agora é com o pessoal mais velho, do sexto ao nono anos. "Antes a gente era os maiores da escola, agora somos os menores. Quando você é mais velho, está sempre no comando, quando é o mais novo precisa aprender a escutar", diz a garota, que hoje tem dificuldade de encontrar seus amigos "pequenos" no recreio tomado por grandalhões.

Responsabilidades
Com o fim do ensino fundamental, aumentam também as cobranças e as responsabilidades. É o começo da preocupação com o vestibular e com a decisão sobre a faculdade.
"Espero que seja um momento de preparação para o vestibular e para a vida, que a escola me dê base para tomar as decisões certas no futuro", diz Carolina Arcas, que acabou de entrar no primeiro ano do ensino médio.
Ela ainda não sabe o curso que vai fazer, mas já está pensando no assunto, pois precisa optar pela área no ano que vem.
Para Flavia Landroni, também do primeiro ano, a maior vantagem da nova fase é a liberdade. Agora, ela pode voltar sozinha da escola, de metrô. Não precisa mais depender de carona dos pais ou de amigos. "A gente se sente mais adulto quando entra no colegial, quer ficar mais independente dos pais. É bom, mas requer responsabilidade", explica.
Ela estava apreensiva com o grau de exigência dos professores no ensino médio. "Eles realmente cobram mais, mas também brincam e tratam os alunos de igual para igual", diz.
Outra diferença é a hora do intervalo. Agora, ela só convive com adolescentes, do primeiro ao terceiro ano. Não vê mais crianças correndo e brincando no pátio e nos corredores da escola e pode sair quando quiser.

A fase do medo
Se, até o ano passado, o colegial inspirava medo, o que começa a assustar nessa fase é o tão temido vestibular.
Daniel Alencar, 18, sofreu até o início da semana passada. Ele concluiu o ensino médio no ano passado, fez apenas um mês de cursinho e prestou vestibular para o curso de relações internacionais. Passou apenas na 14ª lista de aprovados, divulgada no dia 1º de março.
"Passei as férias tenso, sem saber se já estava na faculdade ou se teria que voltar para o cursinho", diz o estudante.
Agora, ele conta que sua maior preocupação é não se frustrar com o curso. "Eu tenho muitas expectativas e sei que é fácil eu me frustrar, porque as coisas nunca são como a gente imagina", conta.


Texto Anterior: Bastardz: Plataformas e calças de vinil
Próximo Texto: Moda: Os infiltrados
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.