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moda
Os infiltrados
Agências recrutam estudantes jovens e bem relacionados para captarem informações
dos próprios colegas
RODRIGO GERHARDT
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Eles estão por aí, talvez infiltrados na
sua turma, observando seu comportamento, querendo
saber o que você anda comprando e muitas vezes sugerindo suas escolhas sobre o que
usar, o que beber, o que vestir.
Ganham produtos para divulgar entre os amigos, brindes,
convites para festas, desfiles e
outros eventos, além de viagens
e desconto para vários tipos de
coisas. E, como é comum nos
agentes secretos, são pessoas
simpáticas, antenadas e muito
bem relacionadas.
Vários jovens estão atuando
como "trendsetters", agentes
ou embaixadores de marca, como são alguns dos nomes definidos pelas agências de marketing que os contratam, atentas
ao poder de influência que eles
têm nos seus grupos.
Mais do que promotores distribuindo amostras grátis, eles
lidam com informação -captam tendências, agem como
olheiros, dão opinião e, principalmente, são agentes de relacionamento das marcas dos
mais diversos segmentos com o
seu público-alvo.
Com mais de 330 amigos, fotos de viagens e comunidades
de festas e de música no Orkut,
o estudante de publicidade Renato Zago Silveira, 21, foi contatado pelo site de relacionamento -um dos meios mais freqüentes para avaliar o perfil
dos indicados- para atuar como um dos 95 agentes espalhados no país de uma grande marca de roupas. "Entre as missões
semanais, passava relatórios de
pesquisa de mercado que fazia
com os amigos -o que gostavam, aonde iam, qual a opinião
deles sobre concorrentes da
marca; avaliava a loja e alguns
produtos", diz Renato.
Tudo foi feito com discrição,
já que não era possível revelar a
grife. "O difícil era aplicar questionários sem dizer exatamente para quem", diz o estudante.
Em troca, ele recebia brindes a
cada tarefa cumprida - chegou
a poder escolher dez peças sem
restrição de preço para vestir
no seu circuito.
Selecionadas quando ainda
estavam no colegial, as estudantes Maereen Mariana Aki
Otami, 17, e Gabriela Cassemiro dos Santos, 20, ajudaram a
reformular toda a linha teen de
uma conhecida marca de cosméticos a partir das opiniões
coletadas entre as amigas e as
suas próprias também.
Entre as tarefas, além de entrevistas (também sem revelar
os propósitos), de fotografar
coisas em casa e de avaliar produtos, elas participaram de
eventos voltados ao público jovem para observar comportamentos e também serem observadas. Com as idéias e informações das garotas, a empresa
criou um gloss na forma de pin
de celular, que foi um sucesso, e
reformulou produtos.
"Sou apaixonada por maquiagem, e ganhamos toda a linha nova, brindes em um desfile na Daslu, e pude conhecer
muita gente legal em vários
eventos", conta Gabriela.
"Sabia que as empresas ligavam para o desejo do consumidor, mas não sabia que iam tão
fundo assim", completa Maereen, cuja experiência a ajudou
a definir melhor a escolha profissional pela área de moda.
O alvo
"Conhecer os jovens é mais
difícil porque, dependendo da
região, a forma de eles pensarem é muito diferente. Nessas
ações, eles mesmos nos ajudam
a descobrir coisas que estão em
constante mudança e são importantes para que as marcas se
aproximem e falem realmente
a língua do nosso público-alvo",
diz Rodrigo Clemente, diretor
da Decidindo, uma das primeiras agências de marketing jovem a realizar essas ações no
Brasil e que conta atualmente
com 242 agentes pelo país.
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