São Paulo, segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

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Sem malícia

Time árabe joga Copinha e aprende um pouco da malandragem brasileira com a bola no pé

TARSO ARAUJO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Copa São Paulo de Futebol Júnior é o torneio mais importante do Brasil para jogadores sub-18.
Mas para nenhum dos adolescentes dos 27 times que disputam esta edição do torneio a experiência será tão marcante quanto para os do Al Hilal, da distante Arábia Saudita.
No campeonato, que vai até 25 de janeiro, eles perderam a primeira partida, empataram a segunda e dificilmente passarão à fase eliminatória.
Não importa -eles já estavam felizes da vida com a rápida experiência no futebol brasileiro, que admiram.
Aprenderam, por exemplo, a proteger a bola com o corpo, a não entregá-la para o outro time cobrar o lateral se estão vencendo e a pedir impedimento quando acham que é o caso.
"Sempre que vão cobrar falta, os brasileiros entram na nossa barreira, para atrapalhar minha visão", diz Khalid Alhubaish, 19, goleiro titular e um dos destaques do time.
Quer dizer, aprenderam o básico da catimba sul-americana no esporte bretão.
A falta de malícia também aparece no contato com as mulheres brasileiras. Aqui, elas usam muito menos roupa do que em seu país, onde só mostram o rosto.
"Não gostamos desse estilo. Respeitamos, mas gostamos delas cobertas. Aqui, algumas mostram até a barriga", diz Ali Aldali, 19, autor de dois gols da equipe no torneio.
E olha que eles ficaram em Paulínia (interior de SP), bem longe de qualquer praia.
Religiosos, têm de rezar cinco vezes por dia. Mas, como estão a mais de 80 quilômetros de casa, podem rezar apenas três. Sempre virados para Meca, cidade sagrada do islã.
Falando em futebol, no entanto, a terra sagrada para eles é mesmo o Brasil. "Adoraria jogar num time daqui, é claro", diz Ali. Nas horas livres que teria entre a reza da tarde e a da noite, ele iria ao shopping.
"Quero comprar camisas do Flamengo, do Palmeiras e do Corinthians."


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