DECO RIBEIRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Quando o filme "Tróia" estreou, muita gente só teve olhos para o ator Brad Pitt, de saiote de couro, exibindo as pernas saradas. O intérprete de Aquiles profetizava: "Daqui a um ano, saias masculinas serão moda." O tempo passou e, há alguns meses, em um desfile em Belo Horizonte, o estilista Igor de Barros propôs uma saia, com pregas, usada de uma maneira bem masculina, de tênis e paletó.
É verdade que outros estilistas, como o francês Jean-Paul Gaultier, já encaixaram saias em coleções masculinas. E em São Paulo, antes do filme, já era possível ver garotos de saia em baladas mais alternativas, como a Lôca ou o Madame Satã, ou em raves como a Tribe. Mas o que se percebe é que as saias estão cada vez mais fáceis de se encontrar no armário dos meninos.
Entre os adeptos, a sensação de liberdade é apontada como motivo para o abandono das calças. O estudante Marcelo Marcondes Chinen, 20, usa um "kilt" (saia tradicional escocesa, sempre em motivos xadrez) quando sai pra dançar. "Dá um movimento legal e fica sexy," diz. Para Danilo Braz, 21, técnico em processamento de dados, o que existe é pouca coragem de experimentar algo novo. "Hoje não me vejo na balada sem "kilt". Nem dá vontade de dançar."
Rodrigo Banquieri, 22, não vê nada de mais em um cara usar saia. "Eu curto e as pessoas que andam comigo também", diz. Mas ele faz questão de usar a peça com outras bem masculinas, como coturnos e jaquetas de couro. "A maioria das pessoas acha que saia é coisa de mulher, mas isso é falta de cultura, na Escócia, o "kilt" é sinônimo de masculinidade."
Mas é justamente por preconceito que muitos meninos não querem nem ouvir falar da nova moda. Elton Pereira Lima, 19, por exemplo, é curto e grosso: "Saia? Nunca. Cada um é cada um, mas eu nem curto."
Muitas meninas gostam da mania. Aline Mendes, 19, é uma delas. "Mas não é só colocar a saia e pronto, tem que ter todo um estilo. É legal quando eles põem saia e coturno ou pintam as unhas de preto."

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