RICARDO TIBIU
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Lançado em março do ano passado, "Estranhos no Ninho", primeiro CD do Exxótica, é um dos discos independentes mais peculiares já gravados por brasileiros.
O material está na terceira prensagem e foi lançado graças a uma parceria do selo Aqualung Records com o Rock Company, onde o hard rock é o carro-chefe.
Esse power trio de São Paulo (SP) é formado por "Reverendo" Marcelo Rossi (baixo e voz), Daniel Iasbeck (guitarra e voz) e por uma criatura nefasta de procedência duvidosa que, além da peruca roxa e da máscara de caveira, carrega o epíteto de Espectro (bateria).
"Não sabemos quem é ele", diz Marcelo sobre o incógnito membro. Já Daniel afirma que o dono das baquetas "simplesmente aparece". Na introdução do CD, ouve-se o som de um vinil sendo tocado ao contrário. "É uma pista sobre a identidade do Espectro", diz Daniel.
O título do disco não poderia ser melhor. O Exxótica realmente é um estranho no ninho do cenário pop e rock nacional. "Não há ninguém como nós, firme em sua proposta. As bandas mudam conforme a conveniência", diz Marcelo. Daniel dispara: "É só ouvir as (autodenominadas) "rádios rock" por aí, que são uma piada só. Tudo soa forçado e artificial. Não copiamos bandas em evidência".
O som do trio é calcado no hard rock oitentista, só que é cantado em português.
"Vivemos no Brasil, pensamos e falamos em português, então, por que "mascarar" as coisas, cantando em inglês?", indaga Daniel.
As músicas oscilam entre irreverência, amor e fanfarronices. O som do Exxótica segue a linha glam rock, de nomes sagrados como Alice Cooper, Slade e Mötley Crüe.
A maquiagem deles não pode nem deve ser confundida com a dos grupos de black metal. Mas é impossível não associar a banda com os mestres mascarados de Detroit "Rock" City, o Kiss. Tanto nos riffs marcantes em que o exímio guitarrista Daniel capricha como no baixo pulsante de Marcelo, nas letras petulantes (no bom sentido) e nas baladas cafajestes, propícias a acender o isqueiro ou a ouvir com alguma gata. É o caso de "Teu Olhar", "Eu Não Quero Amor" e "Pronto para Ir".
Já "Meia-Noite/Sexta-Feira" é, sem dúvida, um verdadeiro hino hard rock, música que prova que o rock em sua essência é, acima de tudo, diversão. É uma canção daquelas de fazer o estádio inteiro berrar junto e repetir o refrão a plenos pulmões, como se o mundo fosse acabar ao fim dela. Quem leva a vida ao som dos medalhões do rock festeiro ganhou um representante nacional.
Se já não bastasse isso, o trio prima por qualidade tanto sonora como visual. "Em 90% dos casos, nós não conseguimos montar nosso palco por faltar estrutura nos lugares em que tocamos. Poucas casas estão preocupadas com os músicos e com o show", critica Marcelo.
O disco novo dos caras já está em fase de composição e deve sair no começo do ano que vem. Contatos: www.exxotica.com.br
exxotica@exxotica.com.br
tel.: 0/xx/11/9886-5398 (Marcelo)