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Circular por vários lugares e criar pontos de encontro insólitos são regras
da noite jovem
Baladas sem rumo
FERNANDA MENA
DA REPORTAGEM LOCAL
Não há como ignorar: dá a maior aflição pensar que, enquanto você está
em uma balada, pode haver outra muito
mais divertida rolando em outro lugar.
Essa angústia típica dos nossos dias
-não só em relação a baladas- está alterando o comportamento dos jovens na
noite. Como é impossível estar em todos
os lugares ao mesmo tempo, o novo lema
é ir a muitos lugares em uma só noite e
monitorar outros bares e clubes ligando
para amigos que estão aqui e ali.
Essa quase-obrigação de estar em movimento é objeto do livro "Noites Nômades" (ed. Rocco), estudo das antropólogas cariocas Maria Isabel Mendes de Almeida e Kátia Maria de Almeida Tracy,
que será lançado nesta semana.
"Esse nomadismo está modificando o
perfil do lazer noturno e reclassificando
os espaços urbanos", diz Tracy. É por isso que, hoje, postos de gasolina se transformaram em centros de encontro e de
azaração. "Os postos que têm lojas de
conveniência servem aos jovens porque
são locais de passagem, onde é possível
ver, ser visto, parar o carro, ouvir música,
comer, beber e saber de outras baladas
sem nenhum comprometimento com o
espaço. É um lugar aberto e ninguém paga para estar lá", explica Maria Isabel.
É por isso também que, pelo menos no
Rio, impera a estética do básico. "O estilo
básico de se vestir permite que esses jovens circulem por locais diferentes numa
mesma noite", aponta Tracy. "Em São
Paulo, é diferente. As pessoas se comprometem mais com os estilos."
Com a quantidade de opções em São
Paulo, cada turma tem seu próprio roteiro de baladas: no mínimo a do começo
da noite, a do meio e a do fim. Tudo sem
muita fidelidade e sempre de olho nas
novidades. O Folhateen acompanhou
algumas dessas galeras para mostrar onde vão, como vão e o que fazem. Prepare
o seu drink energético.
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