São Paulo, segunda-feira, 11 de novembro de 2002

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Capixabas do Dead Fish mantêm a primazia do underground

Peixes que se fingem de mortos

RICARDO TIBIU
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Com 11 anos de estrada e de poeira acumulada, os capixabas do Dead Fish se firmam como o maior nome do hardcore nacional. Enquanto não sai o aguardado quarto álbum, Nô (bateria), Alyand (baixo), Murilo (guitarra) e Rodrigo (vocal) aquecem os fãs com lados B e material inusitado.
A Terceiro Mundo, de propriedade da banda, lançou "EP 2002" e o "four way split" "Faces do Terceiro Mundo". O primeiro conta com três músicas que não entraram em "Afasia" e seguem a mesma linha: uma versão suja de "A Cura" e dois covers. "Sometimes", do finado Primal Therapy, de Santos (SP), que ganhou mais gás, e "I Thought it Was a Brand New Start", do Dance of Days, de São Paulo.
"É difícil definir o som do DF hoje, mas, com o CD que está por vir, diria que é rock and roll sujo, menos hardcore e mais punk rock", avalia Rodrigo. E emenda: "Acho que o DF faz um som despretensioso, mas, no fundo, cheio de pretensão".
É inevitável notar que o DF cresce a cada turnê. Os números falam por si: "Sirva-se", estréia da banda em 98, vendeu 10 mil cópias, assim como "Sonho Médio", o segundo, de 99. O magistral "Afasia", lançado no ano passado, já vendeu 9.000. Belo somatório em se tratando do universo underground.
No "split", o DF se junta à galera do Noção de Nada (RJ), Reffer (MG) e Street Bulldogs (SP). Cada banda toca uma música inédita e um cover das outras três.
Os capixabas sobressaem, e o ponto alto da coletânea é a versão acelerada e sentimental para "Diploma" dos cariocas -segundo Rodrigo, a mais difícil de gravar. O DF transformou "Numb" e "Shift" dos mineiros em uma só música e, o melhor, em português.
"Todas as canções que estão ali são as que sempre quis cantar, do contrário jamais as gravaria", diz Rodrigo. A inédita deles faz barulho, um hardcore torto, oscilante e de vocal hostil.
"O Homem Nu" é o nome e, segundo a banda, batizará o próximo álbum. "A letra [de "O Homem Nu'" fala de uma pessoa que perdeu quase todos os valores (bons e maus), tanto os sociais quanto os culturais", explica Rodrigo. E completa: "A pessoa passou a viver apostando no dia-após-dia sem negar que faz parte do meio, mesmo quando não o aceita e sabe que é falho, fraco e instintivo".
A arte de "EP 2002" é de Denise Alvim, que deu continuidade à de "Afasia". A do "split" conta com os vistosos traços do artista plástico Flávio Grão. Rodrigo participou de "Atordoado", faixa de "Chegou a Hora de Recomeçar", recente álbum do CPM22. Ele acha que a exposição que o CPM22 está tendo na mídia pode despertar a curiosidade do grande público. Se tudo correr bem, "O Homem Nu" sairá no começo de 2003. "Os sons estão prontos e gravados, já fiz a maioria das letras. Ainda não gravei por falta de tempo", explica Rodrigo.


Contato: contato@terceiromundo.com.br
Sites: www.deadfish.com.br ou www.terceiromundo.com.br
r. Neves Armond, 140/202, Vitória, ES, CEP 29052-280, tel. 0/xx/27/3345-9670
Flávio Grão: www.flaviograo.hpg.com.br


Para ouvir a música "O Homem Nu", ligue para: 0/xx/3471-4000 e escolha a opção Música -lançamento. O custo é só o da ligação.


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