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Capixabas do Dead Fish mantêm a primazia do underground
Peixes que se fingem de mortos
RICARDO TIBIU
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Com 11 anos de estrada e de
poeira acumulada, os capixabas do Dead Fish se firmam
como o maior nome do hardcore nacional. Enquanto não
sai o aguardado quarto álbum,
Nô (bateria), Alyand (baixo),
Murilo (guitarra) e Rodrigo
(vocal) aquecem os fãs com lados B e material inusitado.
A Terceiro Mundo, de propriedade da banda, lançou "EP
2002" e o "four way split" "Faces do Terceiro Mundo". O primeiro conta com três músicas
que não entraram em "Afasia"
e seguem a mesma linha: uma
versão suja de "A Cura" e dois
covers. "Sometimes", do finado Primal Therapy, de Santos
(SP), que ganhou mais gás, e "I
Thought it Was a Brand New
Start", do Dance of Days, de São
Paulo.
"É difícil definir o som do DF hoje,
mas, com o CD que está por vir, diria que é rock and roll sujo, menos
hardcore e mais punk rock", avalia
Rodrigo. E emenda: "Acho que o
DF faz um som despretensioso,
mas, no fundo, cheio de pretensão".
É inevitável notar que o DF cresce
a cada turnê. Os números falam por
si: "Sirva-se", estréia da banda em
98, vendeu 10 mil cópias, assim como "Sonho Médio", o segundo, de
99. O magistral "Afasia", lançado no
ano passado, já vendeu 9.000. Belo
somatório em se tratando do universo underground.
No "split", o DF se junta à galera
do Noção de Nada (RJ), Reffer
(MG) e Street Bulldogs (SP). Cada
banda toca uma música inédita e
um cover das outras três.
Os capixabas sobressaem, e o
ponto alto da coletânea é a versão
acelerada e sentimental para "Diploma" dos cariocas -segundo
Rodrigo, a mais difícil de gravar. O
DF transformou "Numb" e "Shift"
dos mineiros em uma só música e, o
melhor, em português.
"Todas as canções que estão ali
são as que sempre quis cantar, do
contrário jamais as gravaria", diz
Rodrigo. A inédita deles faz barulho, um hardcore torto, oscilante e
de vocal hostil.
"O Homem Nu" é o nome e, segundo a banda, batizará o
próximo álbum. "A letra [de
"O Homem Nu'" fala de uma
pessoa que perdeu quase todos os valores (bons e
maus), tanto os sociais
quanto os culturais", explica
Rodrigo. E completa: "A
pessoa passou a viver apostando no dia-após-dia sem
negar que faz parte do meio,
mesmo quando não o aceita
e sabe que é falho, fraco e
instintivo".
A arte de "EP 2002" é de
Denise Alvim, que deu continuidade à de "Afasia". A
do "split" conta com os vistosos traços do artista plástico Flávio Grão. Rodrigo
participou de "Atordoado",
faixa de "Chegou a Hora de
Recomeçar", recente álbum
do CPM22. Ele acha que a
exposição que o CPM22 está
tendo na mídia pode despertar a curiosidade do grande
público. Se tudo correr bem, "O
Homem Nu" sairá no começo de
2003. "Os sons estão prontos e
gravados, já fiz a maioria das letras. Ainda não gravei por falta
de tempo", explica Rodrigo.
Contato: contato@terceiromundo.com.br
Sites: www.deadfish.com.br ou
www.terceiromundo.com.br
r. Neves Armond, 140/202, Vitória, ES,
CEP 29052-280, tel. 0/xx/27/3345-9670
Flávio Grão: www.flaviograo.hpg.com.br
Para ouvir a música "O Homem Nu",
ligue para: 0/xx/3471-4000 e
escolha a opção Música
-lançamento. O custo é só o da
ligação.
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