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Violência de leste a oeste
DA REPORTAGEM LOCAL
Gangues, máfia, tráfico de drogas e assassinatos por encomenda são uma
parte indissociável do mundo do rap nos
Estados Unidos, e as consequências trágicas dessas relações volta e meia figuram nas páginas policiais dos jornais.
Há muito mistério envolvendo o submundo do rap, suas relações reais com
gangues de rua, com mafiosos e com traficantes de drogas. A maior parte das pistas para entrar nesse submundo vem das
letras de rappers do estilo gangsta, que,
rimando em primeira pessoa, muitas vezes se colocam como traficantes, assassinos e rufiões. Entretanto é difícil distinguir a realidade da ficção, as bravatas dos
fatos, os rumores dos boatos.
De concreto, há uma rixa pública e sangrenta entre rappers da Costa Leste e da
Costa Oeste dos EUA, nutrida por ambos
os lados desde os anos 90.
"As rixas existem de fato, mas é preciso
dar um desconto para o que dizem as letras. Se você fosse um gângster de verdade, sairia falando que roubou, que trafica
drogas ou que matou alguém? Os gângsteres de verdade ficam quietos", diz o
agente de grupos de rap de Nova York
Rich "Balewa" Manson.
Para ele, essa divisão entre os negros é
maléfica e tem raízes no regime escravocrata. "Desde que éramos escravos, os
senhores tinham a tática de dividir os negros para dominá-los melhor. Isso ainda
não mudou", afirma.
O jornalista da "Rolling Stone" Randall
Sullivan, que publicou neste ano, pela
Atlantic Monthtly, o livro "LAbyrinth",
no qual investiga as mortes de 2Pac e de
Notorious B.I.G. também diz que a rixa
entre californianos e nova-iorquinos é
real. "Mas ela foi muito "hypada", porque
os rappers perceberam que isso era bom
para a venda de discos", diz. Um exemplo é a famosa contenda entre Nas e Jay-Z, que trocam ofensas nas músicas, mas
saem juntos para a balada.
De todos os casos envolvendo artistas
de gangsta, o de 2Pac e B.I.G, mortos em
96 e 97, respectivamente, é o mais famoso. Mas, até hoje, a polícia não conseguiu
chegar a uma solução.
A disputa entre os dois tem por trás
duas figuras de peso do hip hop, o californiano Suge Knight, da Death Row Records, e o nova-iorquino P. Diddy [Puffy
Combs", da Bad Boy. "Suge Knight começou a fazer ataques públicos a Puffy
Combs. Puffy tentou diminuir a tensão,
mas falhou várias vezes até que se convenceu de que tinha de contra-atacar",
diz Sullivan.
O jornalista está convencido de que as
mortes dos rappers foram encomendadas por Knight. "2Pac foi morto enquanto estava com Knight em uma viagem a
Las Vegas e, naquele dia, Knight despediu o principal guarda-costas de 2Pac.
B.I.G. foi morto depois de uma festa em
Los Angeles. Ele estava com Puffy
Combs no carro, e foi claramente um assassinato profissional. As provas que implicavam Knight no crime foram coletadas por policiais que, nas horas vagas,
trabalhavam para ele e, talvez por isso, o
crime nunca tenha sido resolvido", diz.
Sullivan diz que o motivo de Knight
querer 2Pac morto é simples. "Ele devia
mais de US$ 3 milhões em royalties e não
queria pagar, principalmente depois de
ter ficado claro que 2Pac queria deixar a
Death Row, versão confirmada à polícia
por rappers, incluindo Snoop Dogg. Informantes disseram que Knight matou
B.I.G. para remover as suspeitas de que
ele estava envolvido na morte de 2Pac."
Entretanto há outras versões para o caso. O jornal "Los Angeles Times" publicou neste ano uma reportagem dizendo
que B.I.G. teria oferecido a membros de
gangues US$ 1 milhão para matar 2Pac.
O motivo teria sido uma letra de 2Pac em
que o californiano dizia ter feito sexo
com a mulher de B.I.G., que estava grávida na época.
Quem tem razão?
(GW)
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