São Paulo, segunda-feira, 12 de março de 2001

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02 NEURÔNIO

Nossos adoráveis cientistas

JÔ HALLACK
NINA LEMOS
RAQ AFFONSO

COLUNISTAS DA FOLHA

Dia desses, uma senhorinha foi submetida a uma operação. E lá estava o médico, o doutor Stuart Meloy, futucando sua coluna quando ela... teve um orgasmo. Assim, sem mais nem menos. Sem qualquer cerimônia. Sem qualquer preliminar. Agências internacionais até publicaram notas que diziam que, na hora H, ela teria dito ao bom doutor: "Nossa! Você deveria ensinar o meu marido a fazer isso!".
Surgiu aí a idéia do primeiro aparelho capaz de dar um orgasmo instantâneo à mulher, uma tecnologia meio hipotética, mas que está sendo desenvolvida. Parece que vai custar uma fortuna. Mas, se eles parcelarem, vai valer a pena. E pra quem está há anos procurando o ponto G, aparece a resposta: o tão procurado ponto erógeno fica, na verdade, na coluna. Será? Bem, pontos Gs à parte, achamos que o doutor Meloy deveria receber um Prêmio Nobel da Ciência.
Ou até da Paz. Afinal, quem precisa fazer guerra podendo ter orgasmos múltiplos apertando um botão? A tecnologia e a ciência têm sido muito camaradas conosco, moças. Primeiro inventaram a máquina de lavar. Depois, o multiprocessador de alimentos. Logo após, o sutiã com enchimento à base de água. E, agora, o tal aparelho de orgasmo. Tão revolucionário, aliás, que coloca em risco todas as outras invenções.
Depois dele, pra que alguém vai precisar de um MP3 player, de televisão com tela plana e de um computador com webcam? E também coloca em risco os homens! Afinal, pra que você precisa de um marido? Pensando bem, não coloca em risco coisa nenhuma. Precisamos dos maridos na hora de pregar quadros e de consertar coisas elétricas! E máquina também não consegue dormir abraçada.
Outra descoberta ótima, feita por cientistas estrangeiros, é um monitor, tipo um relógio de pulso, que calcula quando a mulher vai ovular até quatro dias antes de ela correr aquele risco de engravidar indesejadamente.
Mas como será o mecanismo? Imagine só: lá está você no meio de uma reunião de trabalho, faltando quatro horas e o relógio diz: "Atenção, dentro de quatro dias você pode ficar grávida". Ou então ele canta uma musiquinha para bebê ninar na hora em que você está tendo um primeiro encontro com um sujeito? Na verdade, não é bem assim. O aparelho, criado por uma empresa canadense, é usado enquanto a mulher dorme. E o aviso, embora os cientistas não tenham explicado esse detalhe, deve ser bem mais sutil.
Mas os cientistas também não são tão bonzinhos assim. Quando não estão inventando coisas ótimas, eles fazem pesquisas. E algumas delas trazem resultados bem tristes. Uma das últimas comprova que beijo de língua (daqueles bem bons) transmite cárie. Claro! Os gênios já arrumaram uma solução para isso. Eles dizem que basta pedir um teste de cuspe para o pretê e descobrir se ele pode lhe transmitir ou não as cáries. Estamos fora. E vamos continuar beijando mesmo. Vale a pena sofrer no dentista por causa de um bom beijo!
Ah, e um médico brasileiro afirma também que o pênis dos brasileiros é maior que o dos americanos. Outra descoberta péssima. Serve pra quê? Só para os homens ficarem se sentindo os todos-poderosos-bem-dotados. Por essas e outras, queridos cientistas, gostamos muito dos senhores, mas ficamos mais contentes quando vocês inventam coisas maravilhosas do que quando vocês fazem descobertas tristes. E um detector de caras bacanas, os senhores não vão inventar?

Momento de histeria

"Cientistas criam o novo, e mulheres ganham fama de galinha"


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