São Paulo, segunda-feira, 12 de abril de 2010

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MÚSICA

Peter Pan do rock

Líder do Placebo fala de sua adolescência terrível e de como encontrou a liberdade

IURI DE CASTRO TÔRRES
DA REPORTAGEM LOCAL

Brian Molko, 37, vocalista da banda inglesa Placebo, se hospeda em hotéis sob o pseudônimo Light Body (corpo leve), mas isso não condiz com sua personalidade. Dono de composições que embalam corações melancólicos há mais de 15 anos, Molko conversou com o Folhateen antes de embarcar para o Brasil, onde apresenta "Battle for the Sun" (2009) em quatro cidades -Porto Alegre (13/4), Curitiba (14/4), Belo Horizonte (16/4) e São Paulo (17/ 4).

 

FOLHA - Por que Placebo é tão grande entre os adolescentes?
BRIAN MOLKO -
A resposta mais sincera é: não tenho certeza. Há uma teoria que diz que o desenvolvimento emocional de um artista para no momento em que ele se torna famoso. Emocionalmente, então, temos 20 anos. Minhas canções, palavras e emoções se encaixam perfeitamente entre os adolescentes. Talvez eu seja emocionalmente subdesenvolvido. Talvez fazer parte de uma banda de rock é ser adolescente para o resto da vida, como Peter Pan. Escrevo essas canções, e elas significam alguma coisa para os adolescente. Isso é bom. Não quero saber a resposta, porque, se souber, talvez seja o fim.

FOLHA - A adolescência é um período muito complicado, certo?
MOLKO -
Com certeza! É a fase mais complicada, emocional e intensa. Tudo é uma questão de vida ou morte. Se algo ruim acontece, é o fim do mundo; se algo bom acontece, é incrível.

FOLHA - Foi difícil ser adolescente?
MOLKO -
Foi extremamente terrível... Eu odiei! Grande parte é culpa da minha família disfuncional. Então, quando completei 17 anos, fui aceito em uma universidade em Londres. Minha vida recomeçou. Decidi que descobriria a mim mesmo. O começo foi muito difícil, mas encontrei a liberdade para descobrir quem eu sou.

FOLHA - Vocês estão voltando ao Brasil depois de quase três anos. O que os fãs podem esperar?
MOLKO -
Vai ser alto e apaixonado. Os fãs encontrarão uma nova banda. Temos uma violinista agora, a Fiona. Tenho um lado feminino, mas é bom mais estrogênio na banda.

FOLHA - O novo disco, "Battle for the Sun", é tocado na íntegra?
MOLKO -
Quase todo, além dos clássicos como "Every You, Every Me". Mas não tocamos "Pure Morning" nem "Nancy Boy". Sei que alguns fãs ficarão decepcionados, mas é impossível fazer todo o mundo feliz. Talvez fizéssemos mais dinheiro tocando apenas os singles e nos transformando em macacos com guitarras, mas não somos macacos, somos seres humanos com emoções.

FOLHA - Imagem ainda é importante para o Placebo?
MOLKO -
No começo, fizemos várias coisas em termos de "cross-dress" e maquiagem, porque ninguém mais fazia. Toda música boa tem um elemento sexual subversivo. O modo como nos vestíamos e nos apresentávamos era um protesto político. Hoje é mais comum, basta olhar para Beth Ditto, do Gossip, e até Brandon [Flowers], do Killers, que copia meu visual. Éramos "freaks" [aberrações], mas gostávamos.

PLACEBO
São Paulo
Sábado, as 22h
Credicard Hall (av. das Nações Unidas, 17.955)
Ingresso
de R$ 100 a R$ 300
Classificação
16 anos
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