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Sexo & saúde
Jairo Bouer
Compra compulsiva
"Preciso de ajuda para minha mãe. Ela é compulsiva por
compras e não sei mais o que fazer. A família está afundada
em dívidas e ela não consegue se controlar, compra cada vez
mais. Será que a única solução é interná-la em uma clínica?"
A
COMPRA compulsiva faz parte de uma
categoria de distúrbios emocionais conhecida como transtornos de controle
dos impulsos. Nesse mesmo grupo estão, por
exemplo, o jogo patológico, a cleptomania (pequenos furtos de objetos), a tricotilomania (arrancar cabelos) e o sexo compulsivo. Pelo que
você conta, sua mãe pode estar tendo dificuldade em controlar sua vontade de comprar.
As pessoas que têm esse tipo de distúrbio
normalmente se endividam e colocam sua vida
econômica em situação complicada. Em geral, a pessoa
não precisa e nem usa aquilo que compra. O prazer parece
estar em sentir que se pode comprar e acumular bens.
Dívidas com bancos, parentes e cartões de crédito são
freqüentes, trazendo conseqüências como processos, nome sujo na praça e problemas com a lei.
O tratamento começa com a aceitação da pessoa de que
ela está com um problema e de que precisa de ajuda. Um
psiquiatra deve fazer a avaliação e pensar em uma abordagem múltipla. Remédios que controlam melhor a ansiedade, sintomas depressivos e descontrole do impulso
podem ser usados junto com terapia e com o envolvimento da família. Restrição ao uso de cheques e de cartões,
quantidade limitada de dinheiro nas mãos e a proibição
de empréstimos ou de outros tipos de financiamentos por
parte da família são também parte importante da abordagem global.
Por isso mesmo, a família, o paciente e o médico têm
que estar de comum acordo desde o início do tratamento.
Fazendo tudo isso, a necessidade de uma internação para
resolver o problema fica reservada para os casos mais graves. Grupos de ajuda de compradores compulsivos, semelhantes aos dos AA (alcoólicos anônimos) também podem ser úteis para algumas pessoas.
Como filha você pode ter
um papel importante
na "costura" dessa fase inicial. Conversar
com sua mãe, dividir a preocupação e
a responsabilidade
com pessoas da família e, ainda, servir
de ponte para o médico são atitudes fundamentais. Quem sabe
em breve sua mãe não
será capaz de tomar
conta novamente das
próprias compras e de
devolver a tranqüilidade para a família?
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