São Paulo, segunda-feira, 12 de junho de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Sexo & saúde

Jairo Bouer

Compra compulsiva

"Preciso de ajuda para minha mãe. Ela é compulsiva por compras e não sei mais o que fazer. A família está afundada em dívidas e ela não consegue se controlar, compra cada vez mais. Será que a única solução é interná-la em uma clínica?"

A COMPRA compulsiva faz parte de uma categoria de distúrbios emocionais conhecida como transtornos de controle dos impulsos. Nesse mesmo grupo estão, por exemplo, o jogo patológico, a cleptomania (pequenos furtos de objetos), a tricotilomania (arrancar cabelos) e o sexo compulsivo. Pelo que você conta, sua mãe pode estar tendo dificuldade em controlar sua vontade de comprar.
As pessoas que têm esse tipo de distúrbio normalmente se endividam e colocam sua vida econômica em situação complicada. Em geral, a pessoa não precisa e nem usa aquilo que compra. O prazer parece estar em sentir que se pode comprar e acumular bens.
Dívidas com bancos, parentes e cartões de crédito são freqüentes, trazendo conseqüências como processos, nome sujo na praça e problemas com a lei.
O tratamento começa com a aceitação da pessoa de que ela está com um problema e de que precisa de ajuda. Um psiquiatra deve fazer a avaliação e pensar em uma abordagem múltipla. Remédios que controlam melhor a ansiedade, sintomas depressivos e descontrole do impulso podem ser usados junto com terapia e com o envolvimento da família. Restrição ao uso de cheques e de cartões, quantidade limitada de dinheiro nas mãos e a proibição de empréstimos ou de outros tipos de financiamentos por parte da família são também parte importante da abordagem global.
Por isso mesmo, a família, o paciente e o médico têm que estar de comum acordo desde o início do tratamento. Fazendo tudo isso, a necessidade de uma internação para resolver o problema fica reservada para os casos mais graves. Grupos de ajuda de compradores compulsivos, semelhantes aos dos AA (alcoólicos anônimos) também podem ser úteis para algumas pessoas.
Como filha você pode ter um papel importante na "costura" dessa fase inicial. Conversar com sua mãe, dividir a preocupação e a responsabilidade com pessoas da família e, ainda, servir de ponte para o médico são atitudes fundamentais. Quem sabe em breve sua mãe não será capaz de tomar conta novamente das próprias compras e de devolver a tranqüilidade para a família?


Texto Anterior: Meu espaço: Cartas
Próximo Texto: Programas legais
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.