RICARDO TIBIU
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Formado em Vila Velha (ES) no início de 1995, o Mukeka di Rato, respeitado no cenário hardcore, lança "Acabar com Você", terceiro álbum da banda. Disparando uma mistura de vertentes do hardcore, como o "grind" e o "crust", esse lançamento marca a entrada do vocalista Bebê, ex-roadie do grupo, no lugar de Sandro.
"O Bebê tem o espírito da banda, sempre nos acompanhou, mas o vocal em si é diferente, o som ficou mais pesado", conta Fábio Mozine, baixista e proprietário do selo Läjä Räkords.
A evolução da banda é evidente, apesar da guitarra de Paulista continuar deliciosamente tosca e ruidosa, como em "Às Vezes o Diabo É Mais Gente Boa que Deus". E o baterista Brek está mais solto, espancando forte e velozmente o seu kit.
A prática da maioria das bandas independentes de lançar seu material pelo próprio selo é seguida pelo Mukeka. "Temos mais controle tanto sobre os locais para onde mandamos o CD quanto sobre seu preço", diz Mozine, que, com o sarcasmo que é característico das letras da banda, emenda: "Gravadora grande não quer lançar música, quer lançar produto que venda. Nossa música é nojenta, não vende".
A ironia é uma marca do Mukeka. "Viva a Televisão" exorciza a mediocridade da telinha, e "Nuderval" é o que eles chamam de "reggae favela".
Um videoclipe está em fase de edição. "Maconha", a faixa escolhida, é um hardcore ultragritado que exalta o livre-arbítrio. A capa do CD ficou a cargo de Fernando Gonsales, renomado cartunista e "pai" de Níquel Náusea, que incorporou o clima da banda.
O flerte do Mukeka com o mercado exterior tem crescido. "Acabar com Você" foi lançado nos Estados Unidos pela gravadora Sound Pollution, com distribuição mundial pela Mordan Records e, no Japão, pela MCR. Além desses países, o Mukeka tem material lançado em Portugal, na Finlândia, na Austrália e na Suécia. Atualmente estudam uma proposta de turnê pela Europa no mês de outubro. Se tudo der certo, representarão bem o hardcore nacional. "Eu chamaria isso apenas de rock", corrige Mozine.