São Paulo, segunda-feira, 12 de agosto de 2002

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Japoneses temem mau uso da base de dados adotada pelo governo

Japão inaugura sistema polêmico para identificar pessoas

DA REDAÇÃO

Imagine se o seu país resolvesse transformar a sua vida num eterno "Big Brother". Pois foi o que aconteceu com os japoneses na semana passada.
Isso porque o governo do país lançou um polêmico sistema de identificação obrigatória dos cidadãos, que funciona como se fosse uma carteira de identidade digital turbinada.
O programa, na verdade, é um banco de dados que armazena as informações pessoais -nome, endereço, data de nascimento, sexo e número de identificação- de cada um dos 126 milhões de japoneses. Tal como uma lata de Coca-Cola ou um pacote de salgadinhos, que são identificados por códigos de barras, os japoneses ganharam um número de 11 dígitos que guarda seus principais segredos.
A idéia é que esse número facilite o trabalho das pessoas quando elas quiserem obter documentos para uma série de serviços e benefícios públicos.
Mas nem todos concordam com esses possíveis benefícios. No dia em que foi implantado, pelo menos cinco cidades, nas quais vivem cerca de 4 milhões de pessoas, se recusaram a fazer parte do sistema.
O ato mais radical de oposição veio do prefeito da cidade de Kokubunji, a oeste de Tóquio, que, diante das câmeras de TV, clicou com um mouse para fechar o acesso do sistema computadorizado local à nova rede.
Também no dia do lançamento do sistema, um grupo de acadêmicos e de ativistas exigiu do Ministério do Interior que o governo interrompesse o programa. Há pouco mais de um mês, esse grupo já havia movido uma ação contra o governo pedindo que o sistema fosse abandonado por ser inconstitucional.
O principal argumento de quem não quer nem saber em ter seus dados colocados no computador é o de que o sistema viola a privacidade dos cidadão, além de ser um prato cheio para hackers.
Em pesquisa realizada pelo jornal "Asahi Shimbum", 86% dos japoneses disseram ter medo do mau uso do banco de dados e do possível vazamento de nformações.
E eles não estavam errados. Dois dias depois de implantado, foi registrada a primeira falha no sistema, e dados de 2.584 pessoas foram expostos.


Com agências internacionais


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