São Paulo, segunda-feira, 12 de novembro de 2001

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FOLHATEEN EXPLICA

Os testes de uma vacina antiAids no Brasil

País participa de segunda fase de estudo de antídoto

SABRINA PETRY
DA SUCURSAL DO RIO

O Brasil iniciou na semana passada a segunda fase de um novo teste de vacinas preventivas contra o vírus da Aids. É a primeira vez que o país consegue levar ao segundo estágio um estudo de vacina contra o HIV.
A pesquisa, que está sendo realizada nos EUA, no Brasil, no Haiti e em Trinidad e Tobago, tem como objetivo avaliar como o sistema imunológico reage a duas vacinas experimentais, a Alvac, produzida na França, e a Vaxgen, feita nos EUA.
A primeira fase, que testa a segurança da vacina e avalia seu comportamento ao ser absorvida pelo corpo humano, já foi concluída em todos os países, inclusive no Brasil.
Com resultados positivos, foi iniciada a segunda etapa -já concluída nos EUA-, que deve durar 18 meses. Essa fase vai ampliar os conhecimentos sobre a segurança da droga e verificar se ela é capaz de produzir uma resposta imunológica no organismo.
O sistema imunológico luta contra infecções virais com duas armas principais: defesa humoral (por meio de anticorpos) e defesa celular (por meio de células). As vacinas que estão sendo testadas tentarão produzir essas duas defesas: a Alvac tenta estimular a produção de linfócitos T, também chamados de "células assassinas T", enquanto a Vaxgen tenta estimular a produção de anticorpos.
Os participantes podem ser de ambos os sexos, ter idades entre 18 e 60 anos, e com baixa possibilidade de se infectar pelo HIV.
Durante o período dos testes, eles tomarão quatro doses das vacinas, nos períodos de um, três e seis meses a partir da primeira. Os voluntários terão 12 visitas médicas, realizarão testes laboratoriais e físicos e responderão a questionários periodicamente.
Ao longo do estudo, que no Brasil é coordenado pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), os participantes terão seus anticorpos e linfócitos coletados, que serão colocados em contato com o vírus para verificar como se comportam.
Pesquisadores garantem que não há risco de os participantes contraírem Aids, uma vez que as vacinas não contém o vírus.
Nos EUA, onde a fase 2 já foi concluída, os resultados foram positivos. Isso quer dizer que as vacinas foram capazes de estimular as respostas imunológicas esperadas.
O que ainda não se sabe é se essas respostas serão capazes de matar o vírus. Isso será verificado na terceira fase dos testes, que deve começar entre o fim de 2002 e o início de 2003, e será realizada simultaneamente por todos os países que participam do estudo.


Para saber mais: "A Aids", de Marcelo Soares, na coleção "Folha Explica" (Ed. PubliFolha)


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