São Paulo, Segunda-feira, 15 de Março de 1999
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Som
Deep Purple aterrissa esta semana no Brasil

ANDRÉ BARCINSKI
especial para a Folha, de Nova York

Esta semana a banda inglesa Deep Purple, um dos maiores nomes do hard rock, aterrissa no Brasil para sua terceira excursão pelo país. Vale a pena morrer numa grana para ver os coroas. Afinal show do Deep Purple é que nem macarronada na casa da avó: nunca tem grandes novidades, mas é sempre muito bom.
Essa formação que chega ao Brasil inclui o guitarrista Steve Morse (ex-Dixie Dregs), que substituiu o lendário Ritchie Blackmore, considerado um dos melhores guitarristas de todos os tempos. Morse está com a banda há mais de três anos e já gravou dois discos com o Deep Purple, "Purpendicular" (98) e "Abandon" (98). A julgar pelas críticas entusiasmadas que o grupo andou recebendo numa recente turnê européia, Morse matou a pau e fez a galera esquecer Blackmore rapidinho. Os outros músicos que vêm fazem parte da formação "clássica": Ian Gillan (vocal), Roger Glover (baixo), Jon Lord (teclados) e Ian Paice (bateria).
Na verdade, só o fato de o Deep Purple continuar existindo pode ser considerado um verdadeiro milagre. Eles perigam ser a família mais perturbada da história do rock: nos 30 anos de carreira da banda, já brigaram dezenas de vezes, juraram que nunca mais tocariam juntos e acabaram com o grupo em pelo menos três ocasiões, só para fazer as pazes tempos depois. Há casos de membros do Deep Purple, como Ian Gillan, que saíram e voltaram à banda três vezes.
O único integrante que está com o grupo desde 68 é o tecladista Jon Lord. Desde então, o Deep Purple (nome tirado da música predileta da avó de Ritchie Blackmore) já teve quatro vocalistas (Rod Evans, Ian Gillan, David Coverdale e Joe Lynn Turner), quatro guitarristas (leia texto abaixo), três bateristas (Chris Curtis, Bobby Woodman e Ian Paice) e três baixistas (Nick Simper, Roger Glover e Glenn Hugues). Ufa!
Agora, finalmente, parece que a paz está reinando no Deep Purple. Todos os integrantes fazem questão de elogiar Steve Morse e se dizem aliviados por terem se livrado de Ritchie Blackmore, um gênio no palco e um ranzinza infernal fora dele. Quando a banda esteve no Brasil em 91, Blackmore não andava no mesmo carro que os outros músicos e recusou-se a dar entrevistas. Durante uma pelada com jornalistas, encheu tanto a paciência de todos que acabou isolado na ponta-esquerda, sem receber um passe sequer (também, era um perna-de-pau irrecuperável!).
A primeira briga de Blackmore com o resto da turma aconteceu em 75, quando ele saiu para fundar o grupo Rainbow. Foi substituído por Tommy Bolin, outro monstro das seis cordas, mas que acabou morrendo de overdose de drogas um ano depois. A banda deu um tempo e só voltou em 84, novamente com Blackmore, que foi expulso de novo em 93, dessa vez em definitivo. Com Steve Morse, as coisas se acalmaram. Os dois últimos discos foram elogiadíssimos, assim como os shows. Quem for ao Via Funchal pode esperar ouvir velhos clássicos ("Strange Kind of Woman", "Lazy", "Speed King", "Smoke on the Water") misturados com músicas mais recentes como "Any Fule Kno That", "Seventh Heaven" e "Ted the Mechanic". No bis, eles andaram tocando o clássico "Highway Star". Bacana.


Shows em SP: sex. (19) e sáb. (20), às 22h, e dom. (21), às 21h; no Via Funchal, r. Funchal, 65, Vila Olimpia, tel. 866-2300, ingressos: de R$ 40 a R$ 70; Curitiba (24), Rio (26) e Belo Horizonte (27)

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