São Paulo, Segunda-feira, 15 de Março de 1999
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Não perca "Deuses e Monstros"


da Reportagem Local

O pai de Frankenstein no cinema, o diretor inglês James Whale, foi um dos primeiros artistas de Hollywood a assumir sua homossexualidade. Talvez por isso tenha morrido esquecido, em 1957. Em 31, ele dirigiu o filme clássico que imortalizou aquele monstrengo todo costurado, criado de restos humanos por um cientista maluco e que leva o nome da criatura.
Os últimos dias de vida de James Whale são narrados em "Deuses e Monstros". Mas não é a sua homossexualidade que mais interessa a Bill Condon, que dirigiu e escreveu o roteiro, baseado no "Pai de Frankenstein", dessa vez o monstrengo em livro.
Bill Condon prefere, acertadamente, usar Whale para falar sobre cinema e solidão, mitos e homens, "Deuses e Monstros". Whale (Ian McKellen, de "Ricardo III", indicado ao Oscar de ator) sobreviveu a um derrame. Seu corpo está são. A mente, em deterioração, lhe perturba com imagens da infância, da guerra e das filmagens. Atrevido, ele convida o jardineiro Clayton (Brandon Fraser, de "George, o Rei da Floresta", saradérrimo) a posar de modelo para um retrato a óleo, sob os protestos da sua fiel governanta (Lynn Redgrave, indicada ao Oscar de coadjuvante).
As sessões de pintura são um encontro da sofisticação do cineasta com a simplicidade do jardineiro, uma metáfora delicada e envolvente da relação de encantamento do espectador com o cinema, mas também da crueldade do cinema com os seus deuses. (FG)


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