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CINEMA
Marionetes tiram uma onda da luta do governo norte-americano contra o terror
Bonecos de destruição em massa
GUILHERME COUBE
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM NOVA YORK
Além do bem, do mal, das diferenças
culturais e do bom gosto paira apenas uma coisa: a tiração de sarro. É
essa a filosofia de "Team America - Detonando o Mundo", que deve estrear no Brasil em dezembro. E tudo fica claro logo na
primeira cena.
Em um dia de sol em Paris, um garoto esbarra um picolé nas costas de um árabe.
Furioso, o árabe se prepara para detonar
uma arma de destruição em massa. Então,
entra em cena o Team America. Com helicópteros, caças e tanques, eles chegam para
salvar o mundo de mais um atentado terrorista. Depois de derramar muito sangue, o
Team America realmente acaba com os terroristas. E também com a Torre Eiffel, o Arco do Triunfo e o Louvre.
Dos mesmos criadores de "South Park",
Trey Parker e Matt Stone, "Team America"
faz jus ao humor espalhafatoso do seriado
de TV. As gargalhadas arrancadas da platéia vêm ou do tradicional apego da dupla à
escatologia (há, por exemplo, uma cena de
vômito que se alonga por trinta segundos),
ou do fato de marionetes executarem ações
incomuns no mundo das marionetes (o par
romântico do filme transa loucamente, em
todas as posições possíveis).
Aquele tratamento impiedoso dispensado ao mundo das celebridades em "South
Park" também se repete agora. Os atores
Matt Damon e Alec Baldwin e o cineasta
Michael Moore, só para citar alguns, são caricaturados sem o menor pudor. O diretor
de "Fahrenheit 11 de Setembro" aparece
sempre lambuzado de mostarda, um cachorro-quente em cada mão e gritando absurdos.
Mas um dos personagens mais engraçados não vem de Hollywood. É o imperador
da Coréia do Norte, Kim Jong Il. Com seu
inglês macarrônico dublado por Parker
(que também faz a voz do Cartman de
"South Park"), Kim Jong Il tem um plano
diabólico. O vilão distribui armas de destruição em massa para diversos terroristas
e organiza um ataque fulminante que acabará com o planeta. Tudo porque ele é um
homem sozinho e incompreendido.
Para salvar o mundo, o Team America
contrata um ator da Broadway (a estrela do
musical "Lease"). Usando o "poder da interpretação", sua missão é se infiltrar no
submundo terrorista e descobrir os ataques
antes que eles aconteçam. O resto é muita
explosão e esculhambação (nem o inspetor
da ONU Hans Blix fica impune).
Com um bom time técnico (a fotografia é
de Bill Pope, responsável por "Matrix" e
"Homem-Aranha 2"), "Team America"
tem cenários ricos e detalhados. Mas o clima amador, testado e aprovado nos desenhos toscos de "South Park", também é simulado nesse longa-metragem. Os fios das
marionetes aparecem o tempo todo e as cenas de luta são hilárias de tão malfeitas.
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