DA REPORTAGEM LOCAL

Ao lado da guitarra, a viola. Para acompanhar os timbres do teclado, uma sanfona. Para complementar a bateria, um pandeiro.
É com esses casamentos melódicos que a banda Mercado de Peixe, de Bauru, interior de São Paulo, constrói uma massa sonora agitada e inventiva. Seu som quebra o preconceito contra a cultura caipira ao eletrificar a roça, numa iniciativa batizada pelo antropólogo Hermano Vianna de movimento pós-caipira, do qual fazem parte as bandas Sacicrioulo, Vô Varvito, Dotô Jeca e Matuto Moderno.
O Mercado de Peixe faz show gratuito nesta terça (17/6), às 19h30, no Itaú Cultural (av. Paulista, 149), quando apresentará as músicas do disco "Roça Elétrica", lançado por selo próprio, o Samacô Produsons.
No disco, a banda mistura samplers de Tonico e Tinoco e de Villa-Lobos a sons do visionário eletrônico Aphex Twin. Dança quadrilha com beats eletrônicos e aplica a ideologia herdada do movimento mangue beat à cultura cabocla.
"Até hoje rola um estereótipo forte do Jeca, que é um símbolo do atraso. Nossa intenção é transformar o Jeca Tatu [personagem de Monteiro Lobato] em um Jeca Total [referência a música de Gilberto Gil], um símbolo de resistência cultural arraigada no sertão", explica o tecladista e sanfoneiro Fernando TRZ, 23.
O Mercado de Peixe já havia lançado o single "A Saga Low-Tech do Caipira Paulista vol. 1 e vol. 2" e chega agora a seu primeiro álbum. Ambos podem ser comprados pelo site www.mercadodepeixe.com. (FERNANDA MENA)