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As casas onde os clãs se reúnem para grandes desafios
CAROL FREDERICO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Por volta de meio-dia começa um burburinho de adolescentes -em sua
maioria rapazes- que chegam à LAN
house mais próxima do colégio em busca
de diversão. Às vezes vão sozinhos, para
encontrar a galera, ou na companhia do
clã, como são denominados os times de
quem joga em rede. Da porta para dentro, ninguém mais atende pelo nome, só
pelo "nickname" (apelido).
O "Counter Strike" é de longe o jogo
mais popular. Você pode escolher entre
ser policial ou terrorista, comprar armas
de última geração e traçar estratégias para aniquilar o inimigo. São vários mapas
com diferentes cenários -que vão de
uma cidade asteca a um galpão em Nova
York-, por onde circulam personagens
que falam e gemem quando levam tiros.
Também é possível trocar mensagens
instantâneas durante o jogo. Mas é mesmo na base do grito que a moçada se entende. São coordenadas e resmungos.
Além de xingamentos de tudo que é tipo.
Não vale ficar "telando" (olhando a tela
do vizinho para localizá-lo) ou dar uma
de "camper" (ficar de espreita para matar o adversário pelas costas). Os que armam tocaias são os mais odiados. Novato é "newbie", "cheater" é trapaceiro
-porque usa comandos ou programas
proibidos durante o jogo- e ser morto a
facadas é sinônimo de humilhação.
"O mais legal é a interação e a proximidade com a realidade. Poder matar um
bonequinho controlado pela pessoa do
lado é muito legal", diz Uri Leftel, 16, que
costuma bater cartão em LAN houses.
LAN houses não são propriamente
uma balada, mas funcionam quase sempre como lugar para reunir a turma. "O
que diverte é o jogo e o papo que rola depois", explica Daniel, 16. "Sempre aparece alguém. Nesse horário, por exemplo, é
fácil você me encontrar ou ele por aqui",
brinca Guilherme Perez, 16, referindo-se
ao amigo Daniel Elias, 15. Guilherme estuda à tarde e vai diariamente à LAN
house antes da aula. Mesmo assim mantém média sete no boletim: "Dou uma
estudada pela manhã", explica.
As atenções se voltam para o jogo, e
volta e meia alguém que está largadão na
cadeira se esborracha no chão. Logo todos caem na gargalhada. "Sempre tem o
que zoa todo mundo, mas não gosta de
ser zoado", diz Leonardo Teixeira, 15.
Há gente de todas as idades, mas, de
acordo com a maioria -os adolescentes-, os "pirralhos" são sempre os mais
pentelhos. "Eles são muito rápidos, espertos e elétricos", fala Ana Cristina Corso, 16, que mesmo sendo minoria entre
os garotos se considera uma "rata de
computador que adora games".
E se o ambiente é bom para encontrar
colegas, dificilmente rola uma paquera.
Quando as meninas aparecem é porque
foram arrastadas pelos namorados.
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