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São Paulo, segunda-feira, 16 de junho de 2003

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As casas onde os clãs se reúnem para grandes desafios

CAROL FREDERICO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Por volta de meio-dia começa um burburinho de adolescentes -em sua maioria rapazes- que chegam à LAN house mais próxima do colégio em busca de diversão. Às vezes vão sozinhos, para encontrar a galera, ou na companhia do clã, como são denominados os times de quem joga em rede. Da porta para dentro, ninguém mais atende pelo nome, só pelo "nickname" (apelido).
O "Counter Strike" é de longe o jogo mais popular. Você pode escolher entre ser policial ou terrorista, comprar armas de última geração e traçar estratégias para aniquilar o inimigo. São vários mapas com diferentes cenários -que vão de uma cidade asteca a um galpão em Nova York-, por onde circulam personagens que falam e gemem quando levam tiros. Também é possível trocar mensagens instantâneas durante o jogo. Mas é mesmo na base do grito que a moçada se entende. São coordenadas e resmungos. Além de xingamentos de tudo que é tipo.
Não vale ficar "telando" (olhando a tela do vizinho para localizá-lo) ou dar uma de "camper" (ficar de espreita para matar o adversário pelas costas). Os que armam tocaias são os mais odiados. Novato é "newbie", "cheater" é trapaceiro -porque usa comandos ou programas proibidos durante o jogo- e ser morto a facadas é sinônimo de humilhação.
"O mais legal é a interação e a proximidade com a realidade. Poder matar um bonequinho controlado pela pessoa do lado é muito legal", diz Uri Leftel, 16, que costuma bater cartão em LAN houses.
LAN houses não são propriamente uma balada, mas funcionam quase sempre como lugar para reunir a turma. "O que diverte é o jogo e o papo que rola depois", explica Daniel, 16. "Sempre aparece alguém. Nesse horário, por exemplo, é fácil você me encontrar ou ele por aqui", brinca Guilherme Perez, 16, referindo-se ao amigo Daniel Elias, 15. Guilherme estuda à tarde e vai diariamente à LAN house antes da aula. Mesmo assim mantém média sete no boletim: "Dou uma estudada pela manhã", explica.
As atenções se voltam para o jogo, e volta e meia alguém que está largadão na cadeira se esborracha no chão. Logo todos caem na gargalhada. "Sempre tem o que zoa todo mundo, mas não gosta de ser zoado", diz Leonardo Teixeira, 15.
Há gente de todas as idades, mas, de acordo com a maioria -os adolescentes-, os "pirralhos" são sempre os mais pentelhos. "Eles são muito rápidos, espertos e elétricos", fala Ana Cristina Corso, 16, que mesmo sendo minoria entre os garotos se considera uma "rata de computador que adora games".
E se o ambiente é bom para encontrar colegas, dificilmente rola uma paquera. Quando as meninas aparecem é porque foram arrastadas pelos namorados.



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