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INTERNETS
RONALDO LEMOS - ronaldolemos09@gmail.com
Google vai para o lado negro da força
NA SEMANA passada, o
Google deu uma demonstração de que seu slogan
"Don't be evil" (não seja
mau) está ultrapassado.
Para quem gostava de fazer marketing se contrapondo a outras empresas supostamente "malignas"
(como a Apple e a Microsoft), o Google deu uma boa
pisada na bola.
O caso tem a ver com a
briga com provedores de internet. A empresa defendia
que todo o conteúdo da internet fosse tratado da mesma maneira. Os provedores,
por sua vez, defendiam o direito de "reduzir" a velocidade de alguns sites que gerassem muitos acessos.
Um site como o YouTube,
por exemplo, teria de pagar
a mais para os vídeos continuarem a ser transmitidos
rapidamente. Isso acabaria
com um dos princípios da
internet: a "neutralidade da
rede", em que todos são tratados igualmente.
Depois de anos de batalha ao lado dos consumidores, o Google mudou. Fez
um comunicado conjunto
com a Verizon, seu antigo
desafeto, segundo o qual
concorda em pagar mais
pelo uso da internet sem fio.
Isso é preocupante. Primeiro porque cria duas internets: uma velha e outra
nova, sem neutralidade.
Segundo porque dá ao
Google e a outras empresas
estabelecidas uma vantagem enorme. Empresas menores vão ter dificuldade de
pagar mais caro.
Com isso, seus serviços
podem ficar mais lentos.
Quem perde é o consumidor.
Além disso, dificulta a vida de novos empresários que
querem desenvolver serviços
como 3D pela web, vídeo ou
mesmo jogos on-line. Essas
atividades vão acabar concentradas na mão dos grandes, prejudicando a inovação, inclusive no Brasil.
Moral da história: o Google, que se posicionava do lado do interesse público, mudou de lado para aumentar
o lucro. É assim que funciona
o capitalismo.
O problema é que a boa
vontade de governos e da sociedade com a empresa vai
para o saco.
É bom contratar um novo
departamento de marketing
para mudar de slogan.
MONITOR
JÁ ERA
A Microsoft sendo
chamada sozinha de
"malvada" na internet
JÁ É
A Apple sendo chamada
de "malvada" por suas
práticas anticompetitivas
JÁ VEM
O Google se juntando à
turma dos "malvados"
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