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FOLHATEEN EXPLICA
Estudo mostra avanços nos anos 90, mas quadro ainda é alarmante
Má qualidade da educação afeta futuro dos brasileiros
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Numa época em que especialistas de ensino
se preocupam em como adaptar a educação às novas tecnologias, que avançam cada
vez mais rápido, o Brasil ainda tem pelo menos 16 milhões de analfabetos, o que representa 13,6% das pessoas com 15 anos ou mais.
Além disso, de cada cem alunos que entram
na escola, 41 não terminam a 8ª série.
Esses dados, apesar de serem referentes a
2000, foram divulgados na última semana em
um documento do governo federal chamado
"Geografia da Educação Brasileira 2001".
O levantamento dá um panorama da educação: 39 de cada cem estudantes do ensino
fundamental estão acima da idade para a série que cursam, e 21,7% repetem de ano. Cursar a universidade é quase um sonho: só 6,1%
da população de 25 a 64 anos tinha nível superior completo em 1999.
Os números são considerados alarmantes
pelo governo. Caso a situação não seja revertida, a força de trabalho nos próximos 10 a 15
anos será deficitária e desqualificada, ou seja,
pode sobrar emprego porque não haverá profissionais habilitados para ocupá-los. E, em
vez de diminuir, o exército de desempregados
do país aumentará.
Entre as causas do problema estão a falta de
qualidade das escolas, aliada a professores
mal preparados e mal remunerados, além do
tempo reduzido em que o aluno fica na escola
-cerca de 4,3 horas por dia, segundo o presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos
e Pesquisas Educacionais), Otaviano Helene.
Também contribui o gasto que a família tem
para manter o filho estudando, o que acaba
levando à evasão.
Apesar da situação grave revelada no relatório, o quadro mostra que houve progressos
desde 1995. O problema é que a melhora vem
se dando de forma lenta.
Imagine se você começa o ano com o boletim no vermelho: 2,5, por exemplo. No outro
bimestre, você dobra sua nota e vai para 5 na
prova, mas sua média ainda é de 3,75. Mesmo
que você melhore muito no próximo, ainda
corre o risco de não atingir a média mínima
(7,0) para passar de ano.
Assim está o Brasil. A taxa de repetência, por
exemplo, era de 30,2% em 1995, caiu para
26,6% no ano seguinte, 23,4% depois, mas,
desde 1998, está no patamar dos 21%. A mesma tendência acontece com a evasão.
A alternativa para reverter a situação? Continuar projetos que estão dando certo, investir
na valorização dos professores e rever o papel
da escola na sociedade, com a participação dela no debate. Só não dá para esperar muito.
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