São Paulo, Segunda-feira, 17 de Maio de 1999
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Ultraje comemora a maioridade

RODRIGO DIONISIO
free-lance para a Folha

"Por que o Ultraje a Rigor acabou?" Essa é uma das perguntas que Roger Moreira, líder da banda, mais ouve nos últimos seis anos. "Isso sempre me irritou profundamente. Nós nunca paramos, só ficamos um tempo sem gravar", conta.
O último álbum com músicas inéditas do grupo foi "Ó!", lançado em 93. De lá para cá, a banda se limitou a shows pelo país afora.
Para comprovar que o Ultraje continua vivo (e muito) e inclusive comemora seus 18 anos de estrada, chega às lojas no próximo dia 1º o disco "18 Anos Sem Tirar".
O álbum é composto por 4 composições inéditas e 17 músicas gravadas em um show no Aeroanta de Curitiba, no Paraná, nos dias 31/8 e 1º/9 de 96.
"Lançar um disco ao vivo é uma vontade antiga. Os shows de Curitiba foram gravados com essa intenção, mas fiquei dois anos tentando vender a idéia para alguma gravadora", diz o líder do Ultraje. As novas composições são um complemento do trabalho e mostram que o grupo continua com a mesma pegada.
A mistura clássica de crítica, deboche, rock and roll e ska está presente nas quatro faixas. Mas o som da banda está bem mais pesado e rápido. "Nós estamos tocando melhor", resume Roger.
"Nada a Declarar", que estreou nas rádios na última quinta (13/5), fala da falta de assunto da música brasileira e brinca com a apelação das "bundas pra todo lado". A canção foi composta em 97, mesmo ano da criação de "O Monstro de Duas Cabeças".
"A letra do "Monstro" tem uma interpretação sacana e óbvia, mas também fala das dificuldades em escolher qual rumo tomar. Acho que ela reflete minha entrada na crise da meia-idade", explica Roger, autor das composições.
"Giselda" e "Preguiça" foram escritas este ano e completam a parte inédita do disco. A primeira é um rock and roll despretensioso, que fala de um tema recorrente nas letras do Ultraje: mulher. "A intenção era fazer um rock simples, engraçado e descompromissado, só isso", conta o líder da banda.
Já a outra faixa, um ska, é a que tem o som mais tranquilo entre as quatro inéditas e detona com a preguiça do brasileiro. "Essa música tem um paralelo com "Terceiro". Fala do conformismo do nosso povo em ficar para trás", diz Roger.
A parte ao vivo do disco começa com "My Bonnie" (canção de autoria desconhecida que já foi gravada pelos Beatles), "Filha da Puta", "Zoraide", "Independente Futebol Clube", "Ciúme", "Volta Comigo" e "Eu me amo".
As outras dez músicas escolhidas para o CD são "Mim quer tocar", "Sexo!!", "Pelado", "Eu gosto de Mulher", "Inútil", "O Chiclete", "Marylou", "Nós Vamos Invadir sua Praia", "Rebelde Sem Causa" e "Terceiro".
O repertório cobre os principais sucessos do Ultraje e traz composições dos discos "Nós Vamos Invadir Sua Praia", "Sexo!!" e "Crescendo". Mas Roger garante que a escolha dessas canções não é uma tentativa de "renascer das cinzas".
"As músicas ao vivo são bacanas porque nos shows nós tocamos mais pesado. Isso não aparecia nas gravações de estúdio. Começamos como uma banda de cover que tocava em bares e queríamos fazer o cara que foi lá, para beber e bater papo, levantasse e saísse dançando. Esse espírito permanece em nossos shows, e agora conseguimos registrar isso", conta Roger.


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