São Paulo, segunda-feira, 17 de julho de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ESTANTE

Coleção de cartões-postais resgata a São Paulo antiga

LUÍS AUGUSTO FISCHER
ESPECIAL PARA A FOLHA No livro quatro da "República", de Platão, um aluno pergunta a Sócrates até que ponto pode crescer uma cidade. Ele responde: "Até onde puder aumentar permanecendo unida".
Corte rápido para São Paulo, esta de nossos dias. Experimente refazer a pergunta. Olhe para os lados tentando ver o limite das coisas e teste a hipótese do velho sábio sobre crescer e permanecer unida. Dá um certo pânico enxergar a amplidão ocupada por gente igualzinha a todos nós, querendo trabalhar e ser feliz.
Não tem jeito, a cidade grande de nossa época é isso mesmo, um mar de gente, casas e prédios, espaços ocupados, poucas frestas. Conta de 50 mil pessoas é quase nada, platéia de futebol. Quando penso em cidade imensa, sempre penso em como funciona a cabeça de um motorista de táxi, obrigado a saber movimentar-se no labirinto, que para nós é um mistério.
Mas, no fundo, parece sempre restar um coração, um núcleo, um fundo histórico que, de alguma maneira, confere sentido ao conjunto. Algo que faz a gente pensar em São Paulo como sendo uma coisa única.
Agora, João Emílio Gerodetti e Carlos Cornejo resolveram coletar cartões-postais e álbuns de lembrança sobre um pedaço dessa história, entre 1862 e 1954. O resultado é um belíssimo volume, "Lembranças de São Paulo", que ajuda os paulistanos a entenderem como a cidade veio se fazendo na geografia e na história.
Trata-se de uma viagem por cenários, paisagens e rostos na maior parte engolidos pelo tempo, dos interesses e das necessidades. Casas de taipa, mansões luxuosas, prédios mais e mais altos. As velhas ruas, soterradas debaixo de camadas sucessivas de novidade. Pátio do Colégio, rua Direita, ladeira do Acu (hoje av. São João), Tanque do Zuniga (atual largo do Paissandu), rua das Casinhas, depois ladeira do Palácio e rua General Carneiro. Um precioso mapa da cidade em 1877.
Tudo isso é pouco para quem olha com afeto o lugar em que vive. Mas é o bastante para despertar a sensação de que pertencemos a uma agrupação humana que faz sentido e que vale a pena conhecer.
E-mail: fischerl@uol.com.br



Texto Anterior: Nas bancas
Próximo Texto: Eu leio
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.