São Paulo, segunda-feira, 17 de outubro de 2011

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Dj da depressão

LEGAL É DISCOTECAR E PASSAR A VIDA TOCANDO MÚSICA, CERTO? VAI ACHANDO... CONHEÇA OS MAIORES PERRENGUES

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O efeito é conhecido como "Moisés". De repente, a pista de dança se abre feito o mar Vermelho. O clarão leva o DJ ao desespero. Esse é apenas um dos horrores que os profissionais que tocam na noite temem. Há muitos outros, como os bêbados. Carentes, adoram incomodar querendo bater papo e tirar foto, diz a DJ Anna, 26, que é residente no D-Edge.
Mas sempre pode ser pior: bêbados carregam bebidas e... bom, não são exatamente peritos em equilíbrio. Você pode imaginar a alegria que um DJ sente quando derrubam vodka nos seus equipamentos.
Existe ainda o chato que, mesmo sóbrio, fica pedindo para tocar Raul. E há gente que, não contente em pedir uma música, leva pen-drive, iPod, toca-fita... O DJ King, 35, que toca no Clash, no Black Bom Bom e no Clube Glória, já escutou até coisas como "eu trouxe um CD para você tocar, está lá no meu carro".
Nesses casos, o DJ ainda pode conversar e se livrar do incômodo, mas, às vezes, acontecem coisas contra as quais não se pode fazer nada.
Gente brigando, por exemplo. Nunca se sabe como começa: às vezes é um sujeito que mexe com a mulher do outro, às vezes é uma trombada seguida de um "olha por onde anda". Há ainda festas vazias, panes no som, a dificuldade de tocar depois de um show.
Além de Anna e King, o Folhateen entrevistou os DJs Rodrigo Ferrari (tour Pacha), Renato Cohen e Eli Iwasa (ambos custumam tocar no Clash e no D-Edge). Ao lado, eles contam que ser DJ não é fácil, não. (LUIZA TERPINS)

DJ, MEU BEST FRIEND

Bêbado, como se sabe, ama todo mundo, até o DJ. "Não tem como conversar e mixar ao mesmo tempo. Isso atrapalha, mas eles ficam lá", diz a DJ Anna. A DJ Eli Iwasa conta que, em Goiânia, certa vez um bêbado-aranha se pendurou nos cabos de energia e suspendeu a festa. Já aconteceu com ela também de derrubarem bebida nos equipamentos.

MOISÉS
Eis o milagre da evacuação: primeiro, surge um pequeno clarão na pista. Em seguinda, abre-se um corredor -"Moisés". Encantados pelo caminho livre, todos se vão. Acontece com todos, e aconteceu com a DJ Anna. "Numa festa, pediram para tocar músicas com vocal, mas eu não tinha. Esvaziou. É ruim, dá uma vergonha." Sobraram duas pessoas dançando -antes, eram 300. "Moisés total", ri ela.

TOCA RAUL!
"Algumas pessoas acham que DJ é garçom", diz o DJ Renato Cohen. Desde os fanfarrões que gritam o nome de Raul só porque acham que isso ainda não perdeu a graça até os chatos que ficam, a sério, entregando pen-drives com músicas obscuras para o DJ tocar, é preciso lidar com todo o tipo de pedido.

ASSIM JÁ É DEMAIS
Tocar depois de um show é receita para tocar para poucos. Só para a banda sair, já são uns dez minutos -nisso, muitos já se foram. Mas pode ser pior: certa vez, em Salvador, a DJ Eli Iwasa soube que tocaria depois de Luiz Caldas (dos clássicos "O que que Essa Nega Quer?" e "Tieta"). "Eu tinha preparado um set mais eclético, porque o Carnaval atrai vários públicos, mas nada que chegasse perto de um Luiz Caldas, né?"

VOU QUEBRAR VOCÊ
Não tem jeito, brigas são assim: estragam a festa com a mesma facilidade com que começam. Aconteceu com a DJ Anna em Portugal, há três anos. "Eu estava tocando quando começou uma megabriga, era uma rixa entre turmas." O som parou, o pessoal ficou com medo, o clima esfriou.


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