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MÚSICA
Psicodelia artesanal que vem do País de Gales
Gorky's Zygotic Minci é pioneiro da cena pop galesa
DA REPORTAGEM LOCAL
Gorky's Zygotic Minci é um nome
esquisito e tanto para uma banda
que vem do País de Gales, no Reino
Unido, que faz um som fiel ao nome
-pouco linear e nada convencional. Uma descrição aproximada seria pop-folk com instrumentações
lisérgicas e progressivas baseadas
em teclados e violinos.
O resultado é uma mistura que,
dependendo do estado do ouvinte,
pode tanto ser uma alegria contida
como uma assumida melancolia. As
primeiras audições provocam um
estranhamento aos ouvidos -especialmente quando eles cantam
em galês. O universo da banda remete a imagens de fadas e a paisagens bucólicas, especialmente em
"How I Long to Feel That Summer
in My Heart", o mais novo disco do
grupo que acaba de sair no Brasil.
Apesar de fiel, essa descrição não é
uma marca. Ao longo dos sete álbuns que a banda já lançou, o estilo,
os timbres e os temas de suas canções não pararam de variar. "Já mudamos e experimentamos tantas
coisas diferentes que não posso dizer que temos um estilo definido",
confirma Megan Childs, 31, violinista do grupo, ao Folhateen.
O GZM surgiu há 11 anos, quando
três amigos de escola, por volta de
seus 16 anos, resolveram apostar no
resultado dos ensaios realizados no
quarto do vocalista e tecladista Euro
Childs, irmão de Megan.
O batizado da banda, que ganhou
ares de título de prática mágica celta, aconteceu no meio de uma aula
de biologia. "É daí que vem o "zygotic" (zigótico, relativo a zigoto, célula-ovo). "Gorky" é uma forma incorreta de pronunciar o verbo "gork"
(olhar intensamente para alguém).
Minci é também uma forma incorreta de pronunciar "monkey" (macaco). Então, como você pôde constatar, esse nome não quer dizer absolutamente nada, o que julgo ser
bastante apropriado para o nosso
caso", brinca Megan.
É desse contorno musical movediço que vem o fato de o GZM nunca ter se encaixado na cena musical
local e muito menos no perfil brit-pop vigente.
O grupo já era rodado quando
bandas galesas invadiram o mercado e os noticiários britânicos. Foi
formada bons anos antes do Super
Furry Animals, outro grupo que
despontou no País de Gales e adquiriu respeito no Reino Unido e nos
Estados Unidos.
O GZM também não flertou com
a enxurrada de bandas galesas do
início dos anos 90, impulsionadas
pelo sucesso das melodias do Manic
Street Preachers.
Com isso, quando a música produzida no País de Gales começou a
provocar interesse e a causar boas
impressões mundo afora, o GZM
ocupava um lugar intransferível.
"É muito bom que as bandas galesas tenham ganhado destaque na
mídia européia. Há cinco anos, a
imprensa inglesa nos tratava como
uma piada. Chamavam-nos de caipiras, acusavam-nos de termos músicas esquisitas e sem sentido demais para quem vive em uma cidade grande", reclama a violonista.
"Hoje é diferente. Mas, como
nunca fizemos parte de cena alguma, antes da música pop galesa se
tornar algo bacana ou ao menos
aceitável (risos), já tínhamos nosso
próprio trabalho. Por isso, se o que
acontece agora for apenas mais
uma onda, quando ela passar, o
Gorky's ainda estará lá."
Para Megan, a explicação está no
fato de o GZM fazer músicas
"atemporais", que não tratam necessariamente do nosso tempo
nem atendem às demandas específicas do mercado musical. "Cada
música tem sua história. Não temos uma imagem conceitual do
grupo e, quando estamos compondo, não levamos em consideração
o que está na moda ou o que é mais
popular naquele período. Pensamos mais no que a música precisa
do que no que as rádios precisam."
(FERNANDA MENA)
Para ouvir músicas do Gorky's Zygotic
Mybci, ligue para 0/xx/11/3471-4000 e escolha as opções Música - Pop. Custo, só o da ligação.
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