São Paulo, segunda-feira, 17 de dezembro de 2001

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MÚSICA

Psicodelia artesanal que vem do País de Gales

Gorky's Zygotic Minci é pioneiro da cena pop galesa
DA REPORTAGEM LOCAL

Gorky's Zygotic Minci é um nome esquisito e tanto para uma banda que vem do País de Gales, no Reino Unido, que faz um som fiel ao nome -pouco linear e nada convencional. Uma descrição aproximada seria pop-folk com instrumentações lisérgicas e progressivas baseadas em teclados e violinos.
O resultado é uma mistura que, dependendo do estado do ouvinte, pode tanto ser uma alegria contida como uma assumida melancolia. As primeiras audições provocam um estranhamento aos ouvidos -especialmente quando eles cantam em galês. O universo da banda remete a imagens de fadas e a paisagens bucólicas, especialmente em "How I Long to Feel That Summer in My Heart", o mais novo disco do grupo que acaba de sair no Brasil.
Apesar de fiel, essa descrição não é uma marca. Ao longo dos sete álbuns que a banda já lançou, o estilo, os timbres e os temas de suas canções não pararam de variar. "Já mudamos e experimentamos tantas coisas diferentes que não posso dizer que temos um estilo definido", confirma Megan Childs, 31, violinista do grupo, ao Folhateen.
O GZM surgiu há 11 anos, quando três amigos de escola, por volta de seus 16 anos, resolveram apostar no resultado dos ensaios realizados no quarto do vocalista e tecladista Euro Childs, irmão de Megan.
O batizado da banda, que ganhou ares de título de prática mágica celta, aconteceu no meio de uma aula de biologia. "É daí que vem o "zygotic" (zigótico, relativo a zigoto, célula-ovo). "Gorky" é uma forma incorreta de pronunciar o verbo "gork" (olhar intensamente para alguém). Minci é também uma forma incorreta de pronunciar "monkey" (macaco). Então, como você pôde constatar, esse nome não quer dizer absolutamente nada, o que julgo ser bastante apropriado para o nosso caso", brinca Megan.
É desse contorno musical movediço que vem o fato de o GZM nunca ter se encaixado na cena musical local e muito menos no perfil brit-pop vigente.
O grupo já era rodado quando bandas galesas invadiram o mercado e os noticiários britânicos. Foi formada bons anos antes do Super Furry Animals, outro grupo que despontou no País de Gales e adquiriu respeito no Reino Unido e nos Estados Unidos.
O GZM também não flertou com a enxurrada de bandas galesas do início dos anos 90, impulsionadas pelo sucesso das melodias do Manic Street Preachers.
Com isso, quando a música produzida no País de Gales começou a provocar interesse e a causar boas impressões mundo afora, o GZM ocupava um lugar intransferível.
"É muito bom que as bandas galesas tenham ganhado destaque na mídia européia. Há cinco anos, a imprensa inglesa nos tratava como uma piada. Chamavam-nos de caipiras, acusavam-nos de termos músicas esquisitas e sem sentido demais para quem vive em uma cidade grande", reclama a violonista.
"Hoje é diferente. Mas, como nunca fizemos parte de cena alguma, antes da música pop galesa se tornar algo bacana ou ao menos aceitável (risos), já tínhamos nosso próprio trabalho. Por isso, se o que acontece agora for apenas mais uma onda, quando ela passar, o Gorky's ainda estará lá."
Para Megan, a explicação está no fato de o GZM fazer músicas "atemporais", que não tratam necessariamente do nosso tempo nem atendem às demandas específicas do mercado musical. "Cada música tem sua história. Não temos uma imagem conceitual do grupo e, quando estamos compondo, não levamos em consideração o que está na moda ou o que é mais popular naquele período. Pensamos mais no que a música precisa do que no que as rádios precisam." (FERNANDA MENA)


Para ouvir músicas do Gorky's Zygotic Mybci, ligue para 0/xx/11/3471-4000 e escolha as opções Música - Pop. Custo, só o da ligação.



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