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Falar sobre o preservativo torna o uso mais fácil
CÉLIA ALMUDENA
da Reportagem Local
A relação sexual envolve duas
pessoas, então ambas são responsáveis pelas questões que abrangem a camisinha, inclusive as encanações. As meninas podem ajudar os parceiros a resolver as paranóias que pintam, e vice-versa.
Se a encanação é sobre quem deve trazer o preservativo, a hora
certa de colocá-lo ou como colocá-lo, fica mais fácil resolver o
problema a dois.
"Não pode simplesmente ir
transando sem ter conversado. É
legal fazer um sexo verbal porque
em alguma hora os dois vão acabar falando de camisinha", diz a
psicóloga Rosely Sayão.
No caso das meninas, o principal
problema é que a nossa sociedade
ainda é muito conservadora. "A
idéia de que sexo é coisa de homem está muito presente", diz
Rosely. E isso faz com que as garotas tenham dificuldade de enxergar que as decisões que envolvem
o sexo, como usar camisinha, por
exemplo, devem ser tanto delas
quanto deles.
"As meninas acham que quando transam estão fazendo algo errado, que não deveriam estar fazendo. Isso causa sentimento de
culpa", diz Rosely.
E sentir culpa, segundo ela, é o
primeiro passo para deixar a camisinha de lado na hora da transa.
"Parar para colocar o preservativo significa admitir que está transando, e isso nem sempre é fácil
encarar."
Para a psicóloga, uma das formas de superar essa encanação é
percebendo que, às vezes, ter dificuldade de lidar com a camisinha
não é culpa da garota. "Isso depende da educação que os pais dão
e da própria sociedade."
As gozações de um vendedor da
farmácia revelam o preconceito da
sociedade. Aliás, os adultos também ouvem piadinhas. "Vai demorar um tempo para derrubar
esse preconceito", diz a psicóloga.
A pergunta é: "Avisar a parceira, na hora H, que vai colocar ou
simplesmente pôr sem tocar no
assunto?". "Não existe uma regra. Cada momento é um momento. Não tente programar uma atitude antecipadamente", diz o ginecologista Malcolm Montgomery.
Rosely propõe que se você não
tem intimidade com a pessoa, fique atento para perceber o que é
melhor no momento. Mas o ideal
ainda é combinar antes de começar a transa.
Tanto as garotas como os garotos que participaram do bate-papo
com o Folhateen mostraram que
vêem a camisinha, principalmente, como um método anticoncepcional. Deram pouca ênfase para o
preservativo enquanto forma de
proteção contra doenças. O perigo
mora aí.
Se a camisinha é colocada apenas na hora da penetração, visando evitar a gravidez, você fica exposto às DSTs (doenças sexualmente transmissíveis), pois algumas são transmitidas apenas por
contato.
Saber o tamanho adequado do
reservatório para o esperma deve
ser o menor problema dos meninos. O que importa é não deixar ar
entre o pênis e a camisinha. Como
é elástica, ela vai suportar a quantidade de esperma que for, garantem os especialistas.
Se o cara fica ofendido porque a
garota pede para ele colocar a camisinha ou se acha que ela é vadia
porque traz a dela na bolsa, está
delirando.
"Hoje em dia, garota com camisinha é responsável, prevenida,
portanto, não é roubada. E se a garota não pede para o garoto colocar, é porque não pediu para nenhum outro. É uma boa oportunidade para apresentar para ela",
diz Rosely.
Para os especialistas, ficar tenso
na hora de tirar a camisinha deve
ser o menor dos problemas, já que
os meninos, nesse momento, não
podem se autocontaminar. E se fizerem da maneira correta também
não vão engravidar ninguém (leia
o quadro ao lado).
Camisinha de show, apenas com
propaganda e sem informação vai
para o lixo? Ponto para os garotos.
"Não dá para confiar mesmo.
Muito legal a posição deles, um
adulto não tem essa visão", diz o
ginecologista Malcolm Montgomery.
Por lei, camisinha tem de trazer
o símbolo do Inmetro, a data de
validade e as instruções de uso. Se
for importada, deve trazer tudo isso traduzido. Do contrário, ela
não precisa ir para o lixo, não. Rosely recomenda que esses preservativos sejam usados para treinar
sozinho em casa.
Em uma questão, garotos e garotas concordam. Conversar sobre o
assunto é uma medida prática para melhorar a relação com a camisinha. Proposta: que tal conversar
com a direção da sua escola e pedir
para que grupos de discussão e
workshops sobre sexo sejam criados? "Aulas de educação sexual,
em que só o professor fala, não resolvem", diz Rosely.
Colaborou Silvia Ruiz
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