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MATRIX2
Descubra quais são os filmes fundamentais para entender as raízes da trilogia "Matrix", dos irmãos Andy e Larry Wachowski
O futuro não começa aqui
GUILHERME WERNECK
DA REPORTAGEM LOCAL
Sim, à essa altura você já deve saber tudo o que envolve a produção de "Matrix Reloaded", que estréia em circuito
nacional no dia 22, inaugurando o chamado "ano Matrix", que ainda terá lançamento do longa de animação "Animatrix", do game "Enter the Matrix" e da sequência "Matrix Revolutions".
Por isso o Folhateen, em vez de repetir
a ladainha dos números milionários e do
fenômeno de massas em que "Matrix" se
transformou, optou por olhar para trás e
fazer uma lista de filmes que contribuíram para a criação do universo de Neo,
desde o cinema mudo.
Essa lista poderia muito bem começar
com "Viagem à Lua" (1902), de Georges
Méliès (1861-1938), que reunia a prosa visionária de Júlio Verne (1828-1905) e
efeitos especiais que estarreciam as platéias da época. Mas, dentre os filmes mudos, nenhum é tão importante quanto
"Metropolis" (1927), de Fritz Lang (1890-1976). Tanto que a versão desse filme em
animação, feita em 2001 pelo japonês Tarô Rin e com roteiro de Katsuhiro Ôtomo (diretor do anime "Akira", outra influência clara), foi escolhida por John
Gaeta, o supervisor de efeitos especiais
de "Matrix", como um dos dez filmes
que mais o influenciaram, em reportagem da revista "Wired".
A importância de "Metropolis" se dá
em dois planos. O primeiro é o do enredo, que mostra um mundo do futuro, divido entre os "pensadores" e os "trabalhadores". O outro é o visual, com os cenários radicais, modernos até hoje.
Três filmes bem diferentes dos anos 50
também fazem parte da linhagem que levou a "Matrix". O primeiro é "Godzilla, o Rei dos Monstros" (1956), de Ishirô
Honda (1911-1993) e Terry O. Morse
(1906-1984), um clássico da ficção científica, em que um dinossauro é acordado
de sua hibernação por uma explosão atômica e ataca Tóquio. Mas o que isso tem a
ver com "Matrix"? A questão aqui é a da
estética dos filmes de monstro japoneses
e também a da humanidade ser colocada
em xeque por suas próprias criações.
O segundo é o clássico "Vertigo - Um
Corpo que Cai" (1958), de Alfred Hitchcock (1899-1980). Não haveria suspense
como nós conhecemos sem Hitchcock, e,
em Vertigo, o inovador efeito visual da
abertura em espiral, pré-psicodélico, é
outra influência assumida de Gaeta.
O terceiro é "Os Sete Samurais" (1954),
de Akira Kurosawa (1910-1998). Aqui, a
referência é menos a questão das artes
marciais e mais o desenvolvimento de
um cinema refinado de ação. E há também o uso magistral da câmera lenta.
No quesito artes marciais, é bom lembrar o excelente "Operação Dragão"
(1973), de Robert Clouse, primeiro filme
americano de Bruce Lee.
Dos anos 60 vem outra referência básica para qualquer filme de ficção científica: "2001 - Uma Odisséia no Espaço"
(1968), de Stanley Kubrick (1928-1999).
Sem falar no visual e no casamento fantástico entre música e imagem (outro
ponto forte do primeiro "Matrix"), Kubrick já colocava a oposição entre homens e máquinas, simbolizadas pelo
computador inteligente Hal.
Mas a grande revolução dos filmes de
ficção e ação viria mesmo na década de
70 com o início da trilogia "Guerra nas
Estrelas" (1977), de George Lucas. Esse
filme é fundamental porque imprimiu
um novo ritmo ao cinema de ação, que
mal dava tempo para o espectador respirar. O mesmo ritmo que é elevado à enésima potência em "Matrix Reloaded".
De 1979, "Alien - O Oitavo Passageiro",
de Ridley Scott é outro filme básico, pela
tensão, pelos efeitos especiais e pela construção dos cenários. Mas o mais próximo
que Scott chega de "Matrix" é em "Blade
Runner - O Caçador de Andróides"
(1982). Primeiro pela estética noir futurista do filme e, depois, por que é baseado
na história dos andróides que renegam
sua condição de replicantes e sonham em
se integrar à humanidade, escrita por
Philip K. Dick (1928-1982), um dos autores de ficção científica que mais influenciaram os irmãos Andy e Larry Wachowski, diretores de "Matrix".
Outro blockbuster a que os irmãos Wachowski devem muito é "O Exterminador do Futuro" (1984), de James Cameron. Assim como os dois "Matrix", no filme de Cameron, os humanos estão em
guerra com as máquinas, que dominam
o mundo no futuro. E há um escolhido,
que deve ser protegido por um humano e
destruído por um andróide, vindos do
futuro, pois ele seria o libertador da raça
humana na guerra futura. Embora não
tão marcante, a sequência "Exterminador do Futuro 2" (1991) guarda outra semelhança com "Matrix". Quando foi lançado, usava o então inovador efeito
"morph", que foi largamente utilizado na
publicidade, assim como o efeito "tempo
de bala" de "Matrix".
Uma última referência interessante,
por tratar de totalitarismo e de futuro
opressor, é "Brazil - O Filme" (1985), de
Terry Gilliam.
Embora esses sejam alguns filmes legais para ver antes de assistir a "Matrix
Reloaded", é preciso lembrar que as influências não param aqui. Elas vêm também de textos filosóficos, religiosos e
muitos animes e quadrinhos japoneses.
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