São Paulo, Segunda-feira, 19 de Julho de 1999
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CARTAS
Leitores protestam contra o fechamento dos bares à 1h, o fim da musical, a carteirinha da UNE etc.

"Sociedade deficiente"
"Quero parabenizar o Folhateen pela reportagem sobre os jovens portadores de deficiência. Pude constatar que existe lei protegendo o deficiente, seja ele jovem ou não. Portanto o que falta é uma sociedade preparada para colocar em prática essa lei. Os deficientes querem estudar e não há meios para que eles possam desenvolver seus dons. Com certeza nossa sociedade é muito mais deficiente. É cega, pois não vê que existe uma legião significativa de jovens deficientes que querem ser reconhecidos como cidadãos. É surda, pois não ouve os apelos deles por mais respeito. A sociedade precisa se adequar aos deficientes, e não estes à sociedade. O Brasil necessita de pessoas conscientes e que estejam prontas para defender os direitos desses cidadãos."
Angela Ap. de Souza Magalhães (Presidente Prudente, SP)

Grande Rosa
"A matéria "Ser Miguilim é se descobrir na cidade do coração" (ed. de 5/7) foi uma das mais emocionantes que eu li na Folha. É bom saber que há pessoas que ainda se deixam envolver pelo maior escritor da língua portuguesa, que se apaixonam por sua obra e que usam a grandiosidade de Guimarães Rosa para ser livres."
Camila Rodrigues, 19 (São Paulo, SP)

UNE e as carteirinhas
"Vocês que escrevem o Folhateen deveriam ter um espaço maior, sei que deve ser difícil, mas imaginem-se como um leitor que espera uma semana para poder obter novas informações. Às vezes nem o caderno inteiro contém tudo aquilo que precisamos.
O caso da UNE e das nossas carteirinhas é mais uma novela que vai dar em nada. A UNE, que seria a União Nacional dos Estudantes, não nos representa como deveria, fomos usados e pensamos ter conquistado direitos na década de 60, pura utopia, olhem as mensalidades. Onde está o pessoal da UNE e aquele ex-cara-pintada que agora é deputado federal? Quero agradecer o espaço dado aos jovens, um dos poucos."
Fábio de Oliveira, 22 (São Paulo, SP)

500 anos de invasão
"Concordo com o leitor Mário Abarrici Jr. (ed. de 5/7), nós não temos nada para comemorar no próximo dia 22 de abril. Devemos é protestar. Ele deu uma explicação histórica e fundamentada, mas eu gostaria de ser simples. Como para muitos não passo de uma criança, darei uma explicação bem infantil: num belo dia, você está em sua casa, acomodado com sua situação, quando chegam várias pessoas que você nunca viu antes. Elas se passam por boas pessoas, agradam a você, viram hóspedes. Com o passar do tempo, elas trazem mais pessoas, começam a se achar donas da sua casa e botam você trabalhando para elas. Depois de 500 anos, seus sucessores vão comemorar a chegada deles, ou melhor, a invasão? Acho que toda essa história é fruto de uma "midiotia" que aliena. Basta de "globolização'!"
Rafael Bezerra Feitosa, 14 (Recife, PE)

"100% Paralamas"
"Admiro muito o trabalho do Paralamas do Sucesso. Já que foram realizados bate-papos com o Engenheiros do Hawaii e o Capital Inicial, gostaria de saber se os Paralamas também estão escalados ou se vão ser entrevistados. Brevemente eles lançarão o acústico, foi isso que me fez mandar esse e-mail. O programa acústico do Paralamas vai ao ar no dia 29/7."
Felipe Bellentani Cabral de Oliveira, 16 (via e-mail)

Toque de recolher
"Nos bares, há 110 mil empregados. Se 50% deles são demitidos, serão 55 mil desempregados, segundo dados levantados por sindicato da área. Com uma proposta que está parecendo mais com o antigo toque de recolher, o deputado Jooji Ratão, com o apoio do Celso Pittanic, que sancionou na semana passada uma lei absurda que visa "diminuir a violência na cidade de SP", fechando os bares à 1h. Aí pergunto: será que parando de beber à 1h os "violentos beberrões" deixarão de praticar atos de violência? Acorda Ratão! A vida é bela! Quem vive de sonho não atinge meta. Vocês, leitores, acham que essa lei ajuda em alguma coisa? Ajuda os pais de família a perder seus empregos, ajuda o povo a comprar um "goró" durante o dia e tomar à noite, ajuda a sair pela rua bebendo e dirigindo ou enchendo a cara andando mesmo. Ah, ajuda também os fiscais super-honestos a ganhar o pão (e que pãozão) de cada dia. Tomara que eu esteja enganado!"
Leandro Ledg, 19 (São Paulo, SP)

Pela volta da Musical
"Não existe na sociedade atual uma infra-estrutura que permita aos jovens de periferia acesso à cultura, e as autoridades pouco se importam com isso. Esses jovens tentam encontrar entretenimento em lugares errados e geralmente são conduzidos por esses entretenimentos às drogas, à criminalidade e a outros caminhos capazes de destruir futuros promissores. Mas só o fato de termos jovens totalmente desinteressados pelo seu meio social já é comprometedor.
Nos países desenvolvidos, o alto padrão de vida foi adquirido graças a manifestações populares que utilizam seus poderes democráticos e lutam pelos seus direitos.
Para aderir a esses movimentos, é preciso ter consciência da sua situação e de que é possível reverter esse quadro. A massa popular do Brasil não teve consciência de que tinha em suas mãos esse poder. Será que os seus filhos, que representam o futuro da nação, terão esse conhecimento?
Quero dizer que a TV influencia as pessoas até demais. Noto que a cada dia meu país piora. Vejo o Brasil como uma construção com o alicerce podre, todos moram embaixo dessa laje e não fazem nada para consertar, adaptam-se a esse quadro alarmante. Sem poder fazer muita coisa sozinho, fico esperando tudo desmoronar.
Grande homem foi Raul Seixas que dizia: "Quem dera eu fosse burro! Assim não sofreria tanto." Estou revoltado com o fim da rádio que transmitia por meio da música popular brasileira (MPB) cultura aos jovens como eu, que a ouvia toda noite. Sinto muito mesmo pelo repentino fechamento da Musical FM (105,7) e deixo sinceros votos de que os responsáveis voltem atrás, e a rádio volte a espalhar cultura pelo Brasil!"
Felipe Simões, 14, e Gilson,14, estudantes e presidentes da companhia teatral Arte & Cultura (via e-mail)

"Que domingão!"
"A programação aos domingos nas principais emissoras está de parabéns. Nesse dia, não resta mais nada a não ser ler a Folha, pois iniciamos o domingo com uma descarga de programação sertaneja, depois vem a amargura e indigestão da Xuxa. Para seguir com a azia, temos Sandy e Júnior, Amigos e, para completar o domingo indigesto, há os programas do Faustão, do Gugu, do Silvio Santos e demais porcarias, os lixos culturais que bombardeiam a cabeça dos jovens.
Falta criatividade às emissoras para transmitir uma programação boa, um bom filme, um programa que conte histórias, casos, mas não como nas novelas e nos programas de auditório. Um pouco menos de padre Marcelo também é bom. Isso sem falar na concorrência pela audiência, que coloca no ar, em pleno domingo, do meio-dia em diante, mulheres na piscina do Gugu mostrando tudo. Não sou contra, mas há crianças assistindo. Na minha opinião, o domingo é uma porcaria."
Marcelo C. Giglio (Ibitinga, São Paulo)


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