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CAMPANHA FOLHATEEN
Cigarro e adolescência é combinação de alto risco
da Reportagem Local
Se, pela terceira
semana consecutiva, câncer de pulmão é tema da
campanha antitabagismo do Folhateen, já dá para perceber que o assunto é sério. Para jovens fumantes pode ser pelo menos duas vezes mais sério.
Já está cientificamente comprovado que o desenvolvimento de
um tumor maligno está relacionado com alterações do DNA das
pessoas. "As mais recentes pesquisas mostram que essas alterações também podem estar relacionadas com a fase da vida em
que uma determinada exposição
a substâncias cancerígenas se
deu", afirma o pneumologista
Alexandre Milagres, médico do
Centro de Apoio ao Tabagista do
Rio de Janeiro.
No caso do câncer de pulmão,
cigarro e juventude é uma combinação de alto risco. Uma pesquisa
coordenada pelo geneticista John
Wiencke, da Escola de Medicina
da Universidade da Califórnia,
em San Francisco, divulgada em
abril deste ano, constatou que jovens fumantes apresentam duas
vezes mais alterações de DNA do
pulmão em consequência das
substâncias químicas que compõem o cigarro.
Ao analisar o tecido do pulmão
de não-fumantes, não atacado pelo câncer, os pesquisadores observaram 32 alterações do DNA em
10 milhões de células. Já no tecido
de pessoas que começaram a fumar entre 7 e 15 anos, foram constatadas 164 alterações.
Entre os que aderiram ao tabagismo dos 15 aos 17 anos, houve
115 alterações de DNA, e esse número cai para 81 entre aqueles que
só começaram a fumar depois dos
20 anos. É só fazer as contas para
perceber que jovens fumantes estão se arriscando em dobro a ter
câncer de pulmão.
E quantos jovens! Nos EUA, estima-se que 3 milhões de adolescentes são fumantes. Dentre eles,
um terço vai morrer de doenças
ligadas ao cigarro. No Brasil, dados do IBGE de 1989 indicavam
que 2,8 milhões de jovens até 19
anos eram fumantes.
As estatísticas comprovam a
gravidade desse risco. O tabagismo é responsável por 30% dos
cânceres em geral e 90% dos tumores malignos de pulmão em
particular. Segundo Milagres, a
relação de causa e efeito entre tabaco e câncer do pulmão foi estabelecida há várias décadas, quando esse tumor, entre todos os tipos de cânceres, passou a ser a
principal causa mortis de homens
a partir da década de 60 nos EUA.
No caso das mulheres, a mesma
relação de causa e efeito se estabeleceu nos anos 90. "As mulheres
norte-americanas entraram posteriormente no vício e passaram a
morrer pelo câncer de pulmão décadas mais tarde", diz o médico. E
o mesmo está acontecendo com
as inglesas. No Terceiro Mundo,
onde esse mesmo processo aconteceu com dezenas de anos de
atraso, espera-se que algo semelhante ocorra entre 2010 e 2020.
A colunista Rosely Sayão, que escreve neste
espaço a coluna "Sexo", está de férias
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