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São Paulo, segunda-feira, 20 de janeiro de 2003

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EDUCAÇÃO

Aulas de recuperação usam esportes de ação como tema

Estudar nas férias é radical

RICARDO LISBÔA
DA REPORTAGEM LOCAL

Quem passou direto na escola, hoje pode sair com seu skate ou patins, treinar loucas manobras na bicicleta e até pegar umas ondas numa praia. E quem não passou? Se estudar numa escola da rede estadual, não só pode, como tem a obrigação de entender do assunto.
É que os alunos dos ensinos fundamental e médio das escolas estaduais de São Paulo estão recebendo aulas de recuperação que têm os esportes radicais como mote. "Esse tema é mais voltado para alunos do ensino médio e em disciplinas como física, matemática e química. Mas há escolas que decidiram usá-lo em todas as áreas", explica Arlete Scotto, coordenadora dos Estudos em Normas Pedagógicas da Secretaria Estadual de Educação.
Uma delas é a Escola Estadual Padre Manuel da Nóbrega. A partir da quinta série até o terceiro ano do ensino médio, todos os alunos de lá praticam, na teoria, snowboarding, surfe, bungee-jumping e outras modalidades.
Em vez de decorarem a tabela periódica ou a ordem dos movimentos literários, os alunos assistem a filmes sobre esportes radicais para depois fazerem redações a respeito ou então gráficos com base em pesquisas que eles mesmos apuram sobre a relação entre esses esportes e acidentes, por exemplo.
"Acho que as aulas ficaram melhores assim. Dá mais vontade de vir", diz Rodrigo Amaral, 15, que ficou de recuperação em cinco disciplinas na sétima série e que anda de skate nas horas vagas. Para José Aírton Bejorqui, 15, aluno da oitava série, o aprendizado está mais fácil depois que as aulas entraram nesse novo estágio. "Dá mais ânimo porque falam de coisas do nosso interesse".
Há até quem considere a recuperação um bom programa para as férias. "Acho legal vir para a escola em janeiro, porque, se eu ficasse em casa, não iria fazer nada", diz Josiane de Melo, 15, aluna da oitava série e uma das pouquíssimas meninas que ficaram de recuperação.

Tradicional
Como não há provas finais -os alunos são avaliados diariamente-, a pressão por causa do medo de não passar diminui consideravelmente. Entretanto, há alguns alunos que discordam que o método ajude no aprendizado. "Eu gosto do tema porque quero fazer vestibular para educação física, mas acho que aprendo muito mais no método tradicional", afirma o estudante da terceira série do ensino médio Roberto Pigola, 19, que ficou em três matérias. Fernando Queiroz, 18, da primeira série do ensino médio, complementa o colega: "O que não se aprende em um ano não vai ser aprendido em um mês."
Alguns criticam a forma como a matéria é passada. "Acho que a gente está aprendendo, mas sobre esportes radicais. É como se fosse uma matéria fora. Eu não tentei encaixar uma com outra", comenta Taiana Ribeiro, 17, que ficou em três disciplinas. Agora é esperar bater o sinal e não precisar estudar nas férias do ano que vem.



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