|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
EDUCAÇÃO
Aulas de recuperação usam esportes de ação como tema
Estudar nas férias é radical
RICARDO LISBÔA
DA REPORTAGEM LOCAL
Quem passou direto na escola,
hoje pode sair com seu skate ou
patins, treinar loucas manobras na
bicicleta e até pegar umas ondas
numa praia. E quem não passou?
Se estudar numa escola da rede estadual, não só pode, como tem a
obrigação de entender do assunto.
É que os alunos dos ensinos fundamental e médio das escolas estaduais de São Paulo estão recebendo aulas de recuperação que têm os
esportes radicais como mote. "Esse
tema é mais voltado para alunos do
ensino médio e em disciplinas como física, matemática e química.
Mas há escolas que decidiram usá-lo em todas as áreas", explica Arlete Scotto, coordenadora dos Estudos em Normas Pedagógicas da
Secretaria Estadual de Educação.
Uma delas é a Escola Estadual
Padre Manuel da Nóbrega. A partir
da quinta série até o terceiro ano do
ensino médio, todos os alunos de lá
praticam, na teoria, snowboarding,
surfe, bungee-jumping e outras
modalidades.
Em vez de decorarem a tabela periódica ou a ordem dos movimentos literários, os alunos assistem a
filmes sobre esportes radicais para
depois fazerem redações a respeito
ou então gráficos com base em pesquisas que eles mesmos apuram
sobre a relação entre esses esportes
e acidentes, por exemplo.
"Acho que as aulas ficaram melhores assim. Dá mais vontade de
vir", diz Rodrigo Amaral, 15, que ficou de recuperação em cinco disciplinas na sétima série e que anda de
skate nas horas vagas. Para José
Aírton Bejorqui, 15, aluno da oitava série, o aprendizado está mais
fácil depois que as aulas entraram
nesse novo estágio. "Dá mais ânimo porque falam de coisas do nosso interesse".
Há até quem considere a recuperação um bom programa para as
férias. "Acho legal vir para a escola
em janeiro, porque, se eu ficasse
em casa, não iria fazer nada", diz
Josiane de Melo, 15, aluna da oitava
série e uma das pouquíssimas meninas que ficaram de recuperação.
Tradicional
Como não há provas finais -os
alunos são avaliados diariamente-, a pressão por causa do medo
de não passar diminui consideravelmente. Entretanto, há alguns
alunos que discordam que o método ajude no aprendizado. "Eu gosto do tema porque quero fazer vestibular para educação física, mas
acho que aprendo muito mais no
método tradicional", afirma o estudante da terceira série do ensino
médio Roberto Pigola, 19, que ficou
em três matérias. Fernando Queiroz, 18, da primeira série do ensino
médio, complementa o colega: "O
que não se aprende em um ano não
vai ser aprendido em um mês."
Alguns criticam a forma como a
matéria é passada. "Acho que a
gente está aprendendo, mas sobre
esportes radicais. É como se fosse
uma matéria fora. Eu não tentei encaixar uma com outra", comenta
Taiana Ribeiro, 17, que ficou em
três disciplinas. Agora é esperar bater o sinal e não precisar estudar
nas férias do ano que vem.
Texto Anterior: Programas históricos Próximo Texto: Panorâmica: Counter-Strike já tem seu rei Índice
|