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MÚSICA
Chico Correa leva suas estranhas misturas ao TIM Festival
Fusão de rachar o coco
AUGUSTO PINHEIRO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Coco, baião, repente e
música eletrônica. A
mistura inusitada de ritmos nordestinos com
drum'n'bass, beats diversos e samples vem de João
Pessoa (PB), se chama
Chico Correa & Electronic Band e se apresenta no
próximo dia 1º no palco
Lab do TIM Festival, no
Rio de Janeiro.
"Não queremos levantar nenhuma bandeira de
resgate, mas pegar ritmos
locais e mostrá-los de forma espontânea", explica
Esmeraldo Marques, 26,
idealizador do projeto e
que atende pelo codinome de Chico Correa. "É
uma homenagem ao Chick Corea,
que, nos anos 70, foi o precursor da
fusão do jazz com linguagens musicais tecnológicas", diz.
O samba, a bossa nova e os sons
afro-brasileiros também entram na
salada eletrônica, que ainda inclui
influência do próprio jazz, principalmente da prática de improvisar
durante as apresentações.
"Todo show é diferente. Improvisamos sobre uma estrutura definida. O fio condutor são os grooves
eletrônicos", explica Correa, que toca guitarra, opera bases eletrônicas
e comanda efeitos em tempo real
durante as performances.
Além dele, há mais seis integrantes: o baixista Nazareno, o baterista
Victor Ramalho, o percussionista
Cassiano, o saxofonista suíço Stephan, o DJ Dal e a vocalista Larissa
Montenegro.
As canções folclóricas utilizadas
pela banda são de domínio público
e foram "descobertas" por Correa
durante o período em que foi bolsista do Laboratório de Estudos da
Oralidade, da Universidade Federal
da Paraíba. "Trabalhei com pesquisa e documentação de cultura popular do Nordeste. Isso ajudou bastante", diz o baiano de Juazeiro, que
já morou em Aracaju e que, desde
1995, vive na capital paraibana.
A "apropriação" de outras sonoridades segue efeito cascata, como no
caso da música "Carcará 3", que utiliza samples da música "Carcará 2",
do grupo Tocaia, de Cajazeiras (sertão paraibano), que se inspirou na
"Carcará" original, do maranhense
João do Vale. No show, a versão nova virou "Carcará 4".
Computador em casa
O projeto surgiu há dois anos com
as experimentações eletrônicas que
Chico Correa bolava no computador da sua casa. "Eu fazia produções
caseiras com sons eletrônicos e brasileiros. Sempre chamava alguém
para tocar um instrumento junto",
lembra.
Foi a vontade de levar o trabalho
para o palco que fez surgir a banda.
"A maneira mais viável foi convidar
outros músicos e unir o tecnológico
ao orgânico", diz.
O grupo ainda não lançou CD,
mas Correa conta que alguns selos já
mostraram interesse. "O nosso objetivo é concluir uma master até o
fim do ano para lançar o CD no ano
que vem." Por enquanto, a banda
conta apenas com CDs demos, sempre em mutação, de acordo com as
novas idéias dos integrantes.
"Como somos oito, as influências
são múltiplas. Vão de John Coltrane
e Miles Davis a trip hop, acid jazz e
música regional."
A banda, que já se apresentou neste ano nos festivais nordestinos
Abril Pro Rock (Recife) e Mada (Natal), deve tocar oito músicas em 45
minutos de show. Durante a apresentação, Correa "brinca" de samplear frases dos instrumentos ao vivo. Haverá projeção de imagens do
pioneiro do cinema Thomas Edison
e de registros do cangaceiro Lampião, reunidas pelo cineasta paraibano Carlos Dowling, que comandará o telão durante o show.
"O convite para tocar no TIM Festival foi uma ótima oportunidade
para um projeto que ainda está engatinhando", comemora Correa.
Para ouvir "Afrotech", "Serena Serená" e
"Samba Dub Remix", com Chico Correa &
Eletronic Band, ligue para: 0/xx/ 11/3471-4000 e digite 4. Custo: só o da ligação.
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