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TRABALHO
Programa do governo federal vai dar prioridade aos jovens carentes
Emprego primeiro para quem precisa
RICARDO LISBÔA
DA REPORTAGEM LOCAL
A virgindade, pelo jeito, vai continuar
como um problema na vida de milhões de garotos e garotas. Mas não
aquela de sempre. Depois dos BVs, os
bocas virgens, a nova sigla popular é VT:
virgem de trabalho.
Afinal, ser adolescente e arrumar emprego, emprego mesmo, com a documentação bonitinha, está mais difícil do
que nunca por causa da ladainha de sempre: para conseguir trabalho é preciso ter
experiência, mas como ter experiência se
ninguém oferece oportunidade? Apelar
para a lojinha da tia é uma saída, mas haja tia. Segundo o MTE (Ministério do
Trabalho e Emprego), 44% dos desempregados brasileiros têm de 16 a 24 anos.
Só nos Estados do Rio de Janeiro e de São
Paulo, são 2 milhões de jovens em busca
de um salário no fim do mês.
Para tentar dar vazão aos hormônios
empregatícios dos jovens e não deixar
que isso vire mais um tabu adolescente, o
governo federal lançou, no dia 30/6, o
Programa Primeiro Emprego, cuja meta
é empregar pessoas de 14 a 24 anos, a começar pelos menos escolarizados e de
menor renda familiar.
O programa, pelo menos no início, é
dirigido para quem vive com meio salário mínimo -ou menos- em casa.
Imagine um rapaz que viva com a mãe,
que ganha R$ 240. Esse personagem,
nem tão fictício, deve ir a algum Sine
(Sistema Nacional de Emprego), Delegacia Regional do Trabalho, Sesi, Senai, Senac, Sesc, Senar ou Sebrae e se inscrever.
"[Para resolvermos o problema do desemprego], a primeira questão é a solidariedade com aqueles que têm escolaridade e renda baixa. Esses é que têm maior
dificuldade de inserção no mercado de
trabalho", defende Remígio Todeschini,
secretário de Políticas Públicas de Emprego do MTE, que participou de uma
teleconferência sobre o Primeiro Emprego, realizada em 11/7 e transmitida para
todas as unidades do Senac no país.
Todeschini ainda explicou que aqueles
que entrarem na primeira fase do programa vão ter de se comprometer em
concluir os estudos e em se especializar.
A ação quer fazer andar a fila de mais
de 260 mil currículos presos no Sine. Nela, encontra-se gente que procura trabalho há mais de seis meses.
Segundo o assessor especial da Presidência da República, Oded Grajew, que
também participou da conferência, os
jovens que possuem maior escolaridade
e maior renda são mais facilmente absorvidos pelo mercado.
Tudo lindo, mas...
Projetos como esse, em tese, são muito
bonitos. Mas, para entrar em prática de
modo realmente viável, o Programa Primeiro Emprego vai precisar de uma
grande mobilização popular e de uma
economia brasileira andando um pouco
mais rápido.
Porém, se leis até mais antigas fossem
cumpridas, já adiantaria bastante. Uma
delas é a Lei da Aprendizagem, que existe
desde 2000. O próprio Grajew reconhece
que quase ninguém a respeita. Ela determina que todas as empresas devem contratar um número de aprendizes (entre
14 e 18 anos de idade) equivalente a até
15% dos funcionários para trabalhar em
cargos técnicos.
Quando o Primeiro Emprego virar lei,
provavelmente em meados de setembro,
vai haver também a possibilidade de pedir empréstimos a bancos oficiais federais, como o Banco do Brasil e a Caixa
Econômica Federal, para que jovens possam abrir negócios próprios. Para descobrir mais detalhes sobre o programa,
existe uma cartilha no endereço
www.mte.gov.br/Programas/
PrimeiroEmprego/Conteudo/
Programa.asp.
Despreocupada
A convite do Folhateen, a estudante
Gabriele Pereira, 16, acompanhou a teleconferência sobre o Programa Primeiro
Emprego. Ela conheceu o problema do
desemprego em casa, quando seu irmão
e sua irmã mais velhos ficaram sem trabalho. "Mas não teve muito estresse, depois de uns dois meses eles arranjaram
um emprego novo", conta.
Apesar de não ter visto a palestra inteira, Gabriele disse que a aproveitou bem,
mas que não se sentiu inserida. "Acho
que não vou ter problema em arrumar
emprego. Sou boa aluna, mesmo não
tendo me dedicado muito neste ano",
avalia ela.
Ela pensa em se tornar veterinária e seu
maior medo, na contramão dos 7 milhões de jovens brasileiros de até 24 anos
que têm o fantasma do desemprego assombrando no quarto, é não se adaptar
ao emprego escolhido. Sorte dela.
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