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INTERNETS
Ronaldo Lemos - ronaldolemos09@gmail.com
É proibido jogar
Alguns senadores parecem ter um problema com a
internet e com qualquer coisa digital.
Primeiro, a famosa Lei Azeredo, que pretendia
colocar na cadeia por até quatro anos quem desbloqueasse um aparelho celular (felizmente, depois da manifestação da sociedade, o projeto está dormente).
Agora é a vez do senador Valdir Raupp (PMDB-RO)
propor uma lei contra os videogames.
Por ela, passa a ser proibido "fabricar, importar, distribuir, ter em depósito ou comercializar jogos de videogames ofensivos aos costumes ou às tradições dos povos,
bem como a seus cultos, credos, religiões ou símbolos".
Como justificativa, o relator do projeto, Valter Pereira
(PMDB-MS) explica: "Alguns jogos de videogame desprezam, notadamente, o comportamento correto das
crianças, ensinando palavrões. Em outros [videogames], os gays são mortos e as religiões, tais como o satanismo, budismo, hinduísmo, judaísmo e o cristianismo,
são ofendidas. Sobre o cristianismo, vê-se em alguns jogos alguém bater em anjos, enquanto se escuta um coral
católico. É comum um superbandido bater asas pelo inferno antes da batalha final, ou até derrotar Jesus e seus
12 apóstolos, embora tenham nomes engraçados".
O texto, surreal, levanta problemas. Fica claro que os
senadores não têm qualquer familiaridade com os games. Esquecem que são uma atividade cada vez mais
importante. Nos EUA, 53% dos adultos jogam.
No Brasil, estudo do Ministério da Cultura aponta que
chegam a 14% os que indicam os games como sua atividade cultural favorita. Perante eles, um projeto mal-assessorado como esse só gera descrédito.
Se for para a frente, será mais um capítulo da difícil relação do poder público com os games. Em 2008, um juiz
de Belo Horizonte proibiu "Counter-Strike" e "Everquest". Outro, do Rio Grande do Sul, proibiu "Bully".
Jogos são uma nova mídia, como a televisão, o cinema,
os livros. Estão protegidos pela Constituição quando garante a liberdade de expressão. Em vez de proibi-los, o
certo é adotar e cumprir a classificação indicativa por
idade, de acordo com seu conteúdo. Essa sim é uma política que faz sentido.
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