São Paulo, segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

INTERNETS

Ronaldo Lemos - ronaldolemos09@gmail.com

É proibido jogar

Alguns senadores parecem ter um problema com a internet e com qualquer coisa digital.
Primeiro, a famosa Lei Azeredo, que pretendia colocar na cadeia por até quatro anos quem desbloqueasse um aparelho celular (felizmente, depois da manifestação da sociedade, o projeto está dormente).
Agora é a vez do senador Valdir Raupp (PMDB-RO) propor uma lei contra os videogames.
Por ela, passa a ser proibido "fabricar, importar, distribuir, ter em depósito ou comercializar jogos de videogames ofensivos aos costumes ou às tradições dos povos, bem como a seus cultos, credos, religiões ou símbolos".
Como justificativa, o relator do projeto, Valter Pereira (PMDB-MS) explica: "Alguns jogos de videogame desprezam, notadamente, o comportamento correto das crianças, ensinando palavrões. Em outros [videogames], os gays são mortos e as religiões, tais como o satanismo, budismo, hinduísmo, judaísmo e o cristianismo, são ofendidas. Sobre o cristianismo, vê-se em alguns jogos alguém bater em anjos, enquanto se escuta um coral católico. É comum um superbandido bater asas pelo inferno antes da batalha final, ou até derrotar Jesus e seus 12 apóstolos, embora tenham nomes engraçados".
O texto, surreal, levanta problemas. Fica claro que os senadores não têm qualquer familiaridade com os games. Esquecem que são uma atividade cada vez mais importante. Nos EUA, 53% dos adultos jogam.
No Brasil, estudo do Ministério da Cultura aponta que chegam a 14% os que indicam os games como sua atividade cultural favorita. Perante eles, um projeto mal-assessorado como esse só gera descrédito.
Se for para a frente, será mais um capítulo da difícil relação do poder público com os games. Em 2008, um juiz de Belo Horizonte proibiu "Counter-Strike" e "Everquest". Outro, do Rio Grande do Sul, proibiu "Bully".
Jogos são uma nova mídia, como a televisão, o cinema, os livros. Estão protegidos pela Constituição quando garante a liberdade de expressão. Em vez de proibi-los, o certo é adotar e cumprir a classificação indicativa por idade, de acordo com seu conteúdo. Essa sim é uma política que faz sentido.

MONITOR

JÁ ERA
Encurtador de URL tinyurl.com/

JÁ É
Encurtadores de URL bit.ly e migre.me

JÁ VEM
Facebook e Google lançando seus próprios encurtadores de URL: fb.me e goo.gl

Texto Anterior: Fale com a gente
Próximo Texto: A primeira vez ninguém esquece
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.