É irônico que eu esteja na Disney, no dia do meu aniversário, pensando sobre o prazo da minha coluna. Na última quarta, meu editor me informou que a capa desta semana seria sobre a primeira menstruação, e isso me fez pensar no Walt Disney.
Recentemente, nos Estados Unidos, conversei com a avó de uma amiga que era adolescente durante o fim da Segunda Guerra Mundial -o maior e mais sangrento conflito da história.
Ela contou diversas de suas histórias e um fato interessante veio à tona. A conservadora senhora se lembrava de ter aprendido sobre menstruação com um filme do Walt Disney de dez minutos lançado em 1946 para ser distribuído nas "high schools" americanas.
"The Story of Menstruation" foi um dos primeiros filmes comerciais a ser exibido nas escolas e explica como se dá o processo de menstruação no corpo de uma adolescente. Supostamente, foi o primeiro filme a falar a palavra "vagina" nas telas.
É um retrato curioso da visão educacional recatada daqueles tempos, quando algumas meninas não sabiam se podiam tomar banho durante "aqueles dias".
O filme sugere absurdos, como o de que a garota evite sair para dançar. Imagino se era por isso que os pais não queriam suas filhas dançando -talvez a dança sugerisse que estavam "disponíveis". Nos anos 40, sexo antes do casamento não era sequer discutido, por isso não há qualquer referência à reprodução humana.
As adolescentes deviam somente saber sobre a naturalidade da menstruação e a importância da higiene.
Como é de se esperar, o filme não foi feito somente com propósitos educacionais: foi produzido em parceria com a International Cellu-Cotton Company.
Trata-se de um merchandising da Kotex, uma linha de produtos de higiene íntima feminina.
Trinta anos depois, o mundo estava diferente. A Guerra do Vietnã havia chegado ao fim e nascia o punk rock. Walt Disney então havia lançado o "VD Attack Plan", um desenho assustador sobre doenças venéreas em que um general comanda sua tropa de germes da sífilis e da gonorreia a contaminar humanos.
Dois momentos esquisitos na história da Disney e uma lição: você não fica contente por ter internet?

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