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Autor de "Capão Pecado" lança selo
DA REPORTAGEM LOCAL
Ferréz, autor do livro "Capão Pecado", lançado no ano passado,
diz ter 25 anos, "contrariando as estatísticas, que dizem que jovens
da periferia morrem entre 15 e 20 anos". Sua quebrada é o Capão
Redondo, um dos bairros mais violentos de São Paulo. E foi lá que
nasceram as histórias de seu livro.
O autor Paulo Lins já havia descrito em livro o cotidiano da favela
Cidade de Deus, no Rio. A ex-menina de rua e ex-traficante de drogas Esmeralda Ortiz também conseguiu lançar um livro que trata de
sua trajetória marginal. Agora, o mercado editorial deve contar com
uma via de alimentação de obras desse tipo.
É que Ferréz criou o selo Literatura Marginal, o LM, e pretende
lançar trabalhos de gente que provavelmente nunca teria como ver
um texto seu numa livraria. "Quero viabilizar o trabalho de autores
excluídos. Falta literatura na representatividade do hip hop. Os manos querem ler coisas que tenham a ver com eles", defende.
A pergunta que fica é: existe produção literária na periferia, nos
presídios, na rua? Ferréz garante que sim. "Sou muito chato com
qualidade, e existe muita coisa boa por aí. Contos, alguns romances
e muita poesia", garante. "Muitos autores não têm preparo, escrevem errado, mas têm o dom da palavra e isso é evidente."
O primeiro lançamento do selo LM está na manga e deve rolar
ainda em 2001. Ferréz adianta apenas que é uma autobiografia de
um ex-preso, com direito a "participação especial".
(FM)
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