São Paulo, segunda-feira, 22 de julho de 2002

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estante

Poesia triste e melancólica boa para a gente ler de vez em quando

LUÍS AUGUSTO FISCHER
ESPECIAL PARA A FOLHA

Tem poetas que a gente não deve ler muito seguidamente. Isso se refere a poetas de alto poder sugestivo, grande qualidade e, mais ainda, muita tristeza, muita melancolia. Nesses casos, um leitor mais sensível corre o risco de passar horas e horas submetido à tristeza que vem da poesia e à sua própria melancolia, numa daquelas combinações perversas em que uma coisa reforça a outra e, quando a gente se dá conta, não tem como consertar.
Não sei se com você já aconteceu isso (ou, vai ver, aconteceu; não com poetas, e sim com uma banda, um cantor, uma cantora). Comigo isso é verdade para poetas imensos e totais, como Fernando Pessoa (português, 1888-1935), ou com poetas nem tão grandes assim, mas de muito bom nível, como Florbela Espanca (também portuguesa, por sinal). Mulher de vida tumultuada, nascida em 1894 e morta apenas 36 anos depois, parece ter feito da poesia um lugar para contar as dores que provou na carne.
Mas isso dito em poesia muito boa -Florbela, com esse nome tão singelo, é certamente a melhor voz feminina da poesia portuguesa. É uma mestra no manejo do soneto.
E o que é de triste sua poesia de amor! A gente lê e tem vontade de pegar por assim dizer no colo a imaginária mulher que ali sofre. "Minha alma de sonhar-te anda perdida,/ Meus olhos andam cegos de te ver". Bom de ler, nem que seja só de vez em quando.

E-mail: fischerl@uol.com.br


"Sonetos"
Autor: Florbela Espanca
Editora: Bertrand Brasil
Quanto: R$ 33



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