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Poesia triste e melancólica boa para a gente ler de vez em quando
LUÍS AUGUSTO FISCHER
ESPECIAL PARA A FOLHA
Tem poetas que a gente não deve
ler muito seguidamente. Isso se
refere a poetas de alto poder sugestivo, grande qualidade e, mais ainda,
muita tristeza, muita melancolia.
Nesses casos, um leitor mais sensível corre o risco de passar horas e
horas submetido à tristeza que vem
da poesia e à sua própria melancolia, numa daquelas combinações
perversas em que uma coisa reforça
a outra e, quando a gente se dá conta, não tem como consertar.
Não sei se com você já aconteceu
isso (ou, vai ver, aconteceu; não
com poetas, e sim com uma banda,
um cantor, uma cantora). Comigo
isso é verdade para poetas imensos
e totais, como Fernando Pessoa
(português, 1888-1935), ou com
poetas nem tão grandes assim, mas
de muito bom nível, como Florbela
Espanca (também portuguesa, por
sinal). Mulher de vida tumultuada,
nascida em 1894 e morta apenas 36
anos depois, parece ter feito da poesia um lugar para contar as dores
que provou na carne.
Mas isso dito em poesia muito
boa -Florbela, com esse nome tão
singelo, é certamente a melhor voz
feminina da poesia portuguesa. É
uma mestra no manejo do soneto.
E o que é de triste sua poesia de
amor! A gente lê e tem vontade de
pegar por assim dizer no colo a imaginária mulher que ali sofre. "Minha alma de sonhar-te anda perdida,/ Meus olhos andam cegos de te
ver". Bom de ler, nem que seja só de
vez em quando.
E-mail: fischerl@uol.com.br
"Sonetos"
Autor: Florbela Espanca
Editora: Bertrand Brasil
Quanto: R$ 33
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