DA REPORTAGEM LOCAL

Perto da tecnologia digital, vídeo virou suporte de tiozinho, coisa do passado, apesar de ser um formato recente -popularizado nos anos 80. Justamente por isso, seu granulado, suas cores e sua definição ganharam status de opção estética, trilhando o caminho já percorrido pelo super-oito.
O barato de assistir ao 14º Festival Internacional de Arte Eletrônica - Videobrasil, que será aberto amanhã (23/9), é ver a profusão de produções tanto em mídia digital como em vídeo, além de formatos jurássicos, que exigem até equipamentos de exibição específicos.
No Brasil, a utilização do vídeo como meio de expressão artística sempre teve um perfil jovem. Ao longo dos 20 anos do Videobrasil, no entanto, essa característica se transformou bastante, mas há uma série de obras feitas por jovens nesta edição, tanto no velho vídeo como no moderno formato digital.
Há produções de cunho estético e experimental, como "Papilas" e "Pure Reality". Há obras investigativas e divertidas, como "XX", em que mulheres anônimas, de várias idades e classes sociais, falam sobre sexo dentro de uma videocabine, nas ruas de Belo Horizonte (MG).
E há, ainda, vídeos de fundo documental e contestatório. "Paz Final", da brasileira Manú Sobral, reproduz o discurso do presidente americano George W. Bush a respeito da guerra contra o Iraque. Em "I Love My India", um jovem indiano monta um painel de bexigas com a frase título da obra e pede a cidadãos que pratiquem tiro ao alvo enquanto discutem a democracia na Índia, à luz da matança promovida por muçulmanos contra hindus durante disputa por um templo em Gurajat, em 2002.
"The Same Old Choice" resgata imagens das campanhas presidenciais de 2002 para discutir o processo democrático do país e a uniformidade dos discursos dos candidatos. "Questionamos o marketing político e as concessões que a esquerda teve de fazer para atrair o eleitorado, mostrando que os candidatos não eram muito diferentes uns dos outros. Depois de seis meses de governo, o que apresentamos no vídeo já é evidente", avalia Juliana Meniconi, 23, uma das autoras do trabalho.

Aniversário
O festival abre para o público amanhã (23/9), às 9h, no Sesc Pompéia (r. Clélia, 93), e rola até 19/10, de terça a domingo, das 9h às 21h, sempre com entrada franca.
Comemorando 20 anos nesta edição, o Videobrasil adota a temática "Deslocamentos" e apresenta 332 trabalhos de todo o mundo. O foco do festival, no entanto, são os 97 trabalhos que integram a Mostra Competitiva do Sul, com produções de países de fora do eixo Europa-EUA, privilegiando a troca de informações entre nações do chamado eixo sul. Entre tais obras, o destaque são os vídeos libaneses, que contam a história dos conflitos que marcaram a história recente do país, como o trabalho do filósofo Jalal Toufic, um radical pacifista.
A programação está no site : www.videobrasil.org.br/14/. (FERNANDA MENA)


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